Com aula de selfies, escolas lucram com solteirão chinês
DO “NEW YORK TIMES”
Zhang Zhenxiao, 27, nunca beijou uma mulher, mas agora ele está pronto para o amor. O problema é que, como muitos chineses, nem sabe por onde começar.
A solução foi encontrar um professor ao estilo do personagem de Will Smith em “Hitch, Conselheiro Amoroso”. Na escola, Zhang aprendeu a se arrumar, a aproximar-se de uma mulher e a compartilhar seus contatos no smartphone dela.
“Há muitas pessoas sem capacidade para obter um relacionamento”, disse Zhang, que fez um cursinho de três dias. “Muitas vezes não é porque há algum problema conosco, mas é que não prestamos atenção nos detalhes.”
Namorar não é fácil em lugar nenhum, mas é ainda mais complicado para o homem chinês. A política de um filho só, que acabou recentemente, privilegiou os meninos e o resultado é que, em 2016, havia 33,6 milhões a mais de homens do que mulheres.
Esse cenário criou oportunidades para pessoas como Zhang Mindong, que criou sua escola de namoro em 2014, em Jinan —há similares em várias cidades do país.
Os serviços vão de US$ 45 por curso on-line a US$ 3.000 por aulas individuais. Segundo Zhang Mindong, hoje são mais de 300 alunos off-line.
A maior parte do primeiro dia de aula é dedicada a melhorar o visual: novas roupas e corte de cabelo.
“A maioria dos homens chineses não se cuida após entrar uma relação”, afirma Zhang Mindong. “Não lavam o cabelo, não trocam de roupa e ficam bem imundos.”
O passo seguintes das aulas é posar para fotos —por exemplo, lendo “Uma Breve História do Tempo”, de Stephen Hawking—, culminando com dicas sobre selfies.
Isso é fundamental porque conhecer pessoas hoje na China acontece quase que exclusivamente pela rede social WeChat. A maioria das interações sociais no país começa com um escaneando o código QR do outro no WeChat.