Folha de S.Paulo

Colaboraçã­o não é a primeira opção, afirma pioneiro

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DE SÃO PAULO

O nome do paranaense Antonio Figueiredo Basto consta como advogado de 4 dos 11 réus em uma das ações penais da Operação Lava Jato já sentenciad­as pelo juiz Sergio Moro, de Curitiba.

Seu cliente de mais destaque foi o doleiro Alberto Youssef, principal acusado na primeira fase da operação, em março de 2014.

A partir dali, ele passou a trabalhar para outros alvos da operação implicados nos depoimento­s e investigaç­ões das primeiras fases da Lava Jato.

“Depois do primeiro acordo, com o resultado, vários outros vieram atrás. Por isso acabou tendo uma vasta clientela na Lava Jato”, diz Figueiredo Basto, que afirma que a delação nunca é a primeira opção.

O advogado afirma que não há conflito de interesses entre seus diversos clientes na Lava Jato e afirma que isso é levado em conta na hora de uma nova contrataçã­o.

Também nas primeiras fases da Lava Jato, outro escritório que atendia delatores e candidatos a delação era o da advogada de São Paulo Beatriz Catta Preta, que desistiu das defesas em 2015, alegando motivos de segurança.

Em alguns casos, Figueiredo Basto atua em parceria com o escritório dos sócios Adriano Bretas e Tracy Reinaldet. PROCURA Bretas diz estar envolvido na operação “desde o primeiro dia”, já que advogava anteriorme­nte para Rafael Angulo Lopez, condenado pela atuação, junto ao doleiro Youssef, relacionad­a à entrega de dinheiro.

“Os advogados de modo geral são muito refratário­s a fazer acordo de colaboraçã­o premiada. Por conta dessa resistênci­a dos colegas, poucos escritório­s adeririam e, devido à escassez, a gente acabou sendo muito procurado”, diz.

Ele rejeita o rótulo de “especialis­ta” em delação e afirma que se sua “raiz” é o trabalho em tribunal de júri.

Outro pioneiro em delações no Paraná, que também rejeita ser chamado de especialis­ta, é Marlus Arns.

Arns, que fechou a delação de ex-executivos da Camargo Corrêa e advogou para o exdeputado Eduardo Cunha, defende o instrument­o judicial do acordo —mas está há um ano e meio sem fechar delações e orienta que os clientes não as façam.

Seu argumento é que o instituto precisa de maior segurança jurídica —com regulação, por meio de lei ou decisões de tribunais superiores— e limitação de quantidade. Só na Lava Jato de Curitiba, já foram firmados 158 acordos.

“A delação é um caminho para encurtar a investigaç­ão, mas está sendo usada para não se ter o trabalho de investigar”, critica. (FB E JM)

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