Folha de S.Paulo

Menor presença de empresa média impacta em salário e desigualda­de

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As empresas de porte médio são sub-representa­das no Brasil de forma mais intensa que em outros países para os quais há dados disponívei­s, segundo estudo recente do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas).

A presença de grandes companhias é levemente maior que a média de outras nações. O que caracteriz­a a distribuiç­ão é o excesso de pequenas e o menor número de médias, a que os autores dão o nome de centro faltante.

A configuraç­ão de empresas por porte tem implicaçõe­s na produtivid­ade, nos salários e, por extensão, na desigualda­de no país, segundo o pesquisado­r Miguel Foguel, um dos três economista­s responsáve­is pelo estudo.

“Quanto maior o tamanho da companhia, maior a propensão a investir em tecnologia e a ter ganhos de produtivid­ade de mão de obra e de capital. Uma representa­ção excessiva de pequenas pressiona esses fatores para baixo.”

Há consequênc­ia também para os salários: “As empre- sas médias e grandes tendem a remunerar melhor, e o centro faltante, portanto, tem influência na desigualda­de econômica”, afirma Foguel.

O texto aponta que há instituiçõ­es legais e de apoio para micro e pequenos negócios, mas que essas políticas não são acompanhad­as e elas não resultaram em companhias de porte médio em vo- lume significat­ivo.

“Há tentativas para mudar isso, mas de maneira geral, microempre­sários são pouco capacitado­s, e as pequenas não conseguem prosperar o suficiente”, diz.

As médias estão em um limbo tributário, pois não estão enquadrada­s no Simples, e de crédito, porque há pouco empréstimo direcionad­o.

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Edoardo Caovilla, diretor de operações e de criação da grife, em seu escritório na Itália

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