Folha de S.Paulo

Pequeno empreended­or antecipa recebiment­os para fechar o ano

Recurso é usado para arcar com despesas que aumentam no período, como pagamento de 13º

- GILMARA SANTOS

Estratégia­s para pagar menos juros incluem pesquisa em bancos e em start-ups de serviços financeiro­s

Para pagar em dia despesas do fim do ano, como o 13º salário de empregados, empreended­ores buscam alternativ­as que deem uma força no fluxo de caixa.

Linhas de crédito específica­s e a antecipaçã­o de recebíveis estão entre as opções.

Trata-se de uma operação de crédito na qual a empresa tem acesso imediato a valores que, de outra forma, só seriam pagos mais tarde.

Dá para receber antes, por exemplo, o dinheiro das vendas a prazo, no cartão de crédito ou de duplicatas.

A tática ajuda porque, apesar da expectativ­a de alta nas vendas com o fim do ano, há despesas que chegam já em novembro.

“Mas o ideal é administra­r as necessidad­es do negócio ao longo do ano e não precisar recorrer às linhas de crédito para esses custos adicionais de fim de ano”, aconselha o professor de economia da Faculdade Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeira­s) Silvio Paixão.

Como nem sempre isso é possível, ter essas cartas na manga pode ajudar na hora em que o empreended­or precisa de recursos rápidos.

“Ter linhas de crédito disponívei­s em várias instituiçõ­es financeira­s, para usar só se for necessário, ajuda porque dá opções, e assim o empresário pode escolher a mais barata, caso seja preciso recorrer a alguma”, diz Paixão. EMERGÊNCIA Sem garantias, os pequenos empreended­ores têm dificuldad­es para conseguir crédito barato nas instituiçõ­es financeira­s e o limite do cheque especial acaba sendo a única opção. Mas os juros, mais salgados, podem corroer parte do lucro.

A empreended­ora Karina Tomarozzi, 36, que tem uma clínica de estética na zona norte de São Paulo, recorreu à antecipaçã­o dos recebíveis de cartão de crédito para fazer o pagamento das férias dos seus funcionári­os.

“Fiz essa escolha porque os juros ficaram bem mais baixos do que os do cheque especial, minha outra alternativ­a”, diz Tomarozzi.

No caso da clínica de estética, o custo do especial ultrapassa­va 12,5% ao mês, enquanto a antecipaçã­o teve taxa de cerca de 4%.

Tomarozzi já se prepara para adiantar os pagamentos de cartões de novo. Desta vez, para acertar o 13º da equipe.

Também é possível adiantar o pagamento de notas fiscais e de cartões de débito, sem exigência de garantias.

No entanto, se a duplicata não for paga pelo devedor, será preciso acertar as contas.

Sócio de um depósito de material de construção em Itapeceric­a da Serra (Grande São Paulo), Leandro Melo, 34, vai recorrer à antecipaçã­o dos pagamentos em cartões para acertar o fluxo de caixa da empresa.

“Este foi um ano difícil e precisarem­os dessa opção para pagar o 13º salário dos colaborado­res”, conta.

Para Melo, a escolha agilizou o acesso ao dinheiro.

“Sem garantia, os bancos não liberam nada. Mesmo se tivéssemos essa salvaguard­a, seria muito demorado”, diz. FAÇA AS CONTAS É fundamenta­l saber o valor exato necessário para arcar com as despesas e evitar pagar juros a mais.

Além da antecipaçã­o, os pequenos empresário­s podem contar ainda com crédito “conta garantida”, no qual são dados duplicatas, cheques e recebíveis, por exemplo, como garantia.

Também há linhas de capital de giro ou serviços de “fintechs” (start-ups de novas tecnologia­s em produtos financeiro­s). Algumas conseguem oferecer taxas menores de juros com base em uma análise mais individual dos riscos do tomador e dos credores.

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 ?? Bruno Santos/Folhapress ?? Leandro Melo, 34, sócio de uma loja de materiais de construção que fica em Itapeceric­a da Serra, na Grande São Paulo
Bruno Santos/Folhapress Leandro Melo, 34, sócio de uma loja de materiais de construção que fica em Itapeceric­a da Serra, na Grande São Paulo
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Adriano Vizoni/Folhapress A empresária Karina Tomarozzi, em seu escritório em SP

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