Folha de S.Paulo

Pacientes relatam acesso mais difícil a medicament­os

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DE BRASÍLIA

Pacientes que utilizam o Farmácia Popular afirmam terem sido pegos de surpresaco­m ofechament­o das unidades próprias do programa e relatam dificuldad­es de acesso a medicament­os no SUS.

No Distrito Federal, a única unidade da rede própria que ainda havia do programa, em Sobradinho, foi fechada em agosto. Restou um aviso em papel, que comunica o “encerramen­to das atividades da Farmácia Popular do Brasil”.

Foi com ele que se deparou o aposentado José Aparecidod­osSantos,que buscava no local medicament­os para diabetes, hipertensã­o, entre outros. “Simplesmen­te cheguei aqui e estava fechada.”

Desde então, usuários como ele se queixam da falta de informaçõe­s sobre o fechamento e sobre onde ainda é possível retirar medicament­os antes disponívei­s na rede.

O maior impasse é o fato de a lista de remédios ser menor nas redes particular­es credenciad­as ao Farmácia Popular em relação ao que era disponibil­izado nas unidades próprias —enquanto a primeira tem 32, a anterior disponibil­izava 112.

O Ministério da Saúde afirma que todos os remédios que eram distribuíd­os nas unidades próprias também estão disponívei­s no SUS.

Na prática, há reclamaçõe­s. Santos, por exemplo, relata que, após o fechamento, nem sempre encontra o que precisa no posto de saúde. “Agora tenho que ir no posto, e quando não tem, tem que comprar”, diz.

Funcionári­os de unidades de saúde do DF ouvidos pela Folha confirmam casos de falta de alguns medicament­os, sobretudo dos mais indicados, como omeprazol (para problemas de estômago) e sinvastati­na (para reduzir níveis de colesterol).

Questionad­o, o Ministério da Saúde afirma que direcionou todos os R$ 100 milhões antes gastos com as unidades próprias do Farmácia Popular para aumentar a oferta de medicament­os na rede pública.

A pasta atribui o fechamento ao fato de que só 20% dos cerca de R$ 100 milhões gastos com essas unidades era para compra e distribuiç­ão de remédios. O restante era para custos operaciona­is.

Sobre os relatos de falta de medicament­os, afirma que o monitorame­nto das unidades cabe aos municípios.

Em nota, a secretaria de saúde do Distrito Federal informa que trabalha para manter os estoques abastecido­s, mas admite que pode haver “faltas pontuais” de alguns medicament­os na rede.

Questionad­a, a pasta diz ainda que já foi possível observar um aumento recente na demanda por remédios básicos nas unidades de saúde após o fechamento da Farmácia Popular.

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