Folha de S.Paulo

Júlio Andrade disputa Emmy Internacio­nal

Ator, que vive advogado que cai em desgraça na série ‘1 Contra Todos’, foi a primeira opção para o papel, diz diretor

- JULIA ALVES

Brasil concorre em nove categorias ao prêmio, que anuncia vencedores na noite desta segunda, em cerimônia em NY

O Brasil recebeu nove indicações ao Emmy Internacio­nal, premiação que celebra o melhor da televisão. Neste ano, foram 44 indicados de 18 países, em 11 categorias.

Concorrend­o como melhor ator está Júlio Andrade por seu papel na série “1 contra Todos”, de Breno Silveira.

“Eu sabia que seria um projeto de qualidade, mas não esperava tanto sucesso”, conta Andrade à Folha. “Estamos no começo dessa onda de séries no Brasil, e eu não sabia onde iríamos chegar.”

Em “1 contra Todos”, o ator vive Cadu, um advogado que acaba preso injustamen­te acusado de cometer tráfico de drogas na primeira temporada. Na temporada seguinte, que estreou em setembro na Fox, o protagonis­ta ingressa na política e se vê incapaz de manter os seus ideais.

“A primeira temporada foi mais difícil porque foi claus- trofóbica. Quando você atua durante meses em um lugar como a cadeia, acaba se sentindo preso”, conta. “Mas todas as cenas são cenas. Tenho que estar inteiro, concentrad­o. É uma imersão.”

Ele, que em 2017 também protagoniz­ou a série “Sob Pressão”, da Globo, atribui o sucesso das suas últimas empreitada­s na TV aos diretores, que vieram do cinema.

“Foram projetos feitos artesanalm­ente. Independen­temente de ser produto televisivo, estes diretores trouxeram o cuidado e a preocupaçã­o estética do cinema.”

Para Silveira, que também dirigiu o ator no longa “Gonzaga: de Pai para Filho”, lançado em 2012, Andrade é um “monstro”.

“Quando tive a ideia da série, só pensava nele”, afirma o diretor. “O que fizemos com Cadu foi uma barbaridad­e. Ele se transforma completame­nte quando vai para a cadeia, e sai dela transforma­do novamente. Foi preciso muito talento.”

Tanto “1 Contra Todos” quanto “Sob Pressão” se passam em universos que não costumam ser exibidos na televisão. A primeira retrata a realidade do sistema carcerário; a outra, um hospital pú- blico do Rio de Janeiro. Para o ator, todo projeto artístico tem cunho político e social.

“Como artista, vejo que estou cumprindo minha função quando meus projetos geram discussões sobre o momento que o país está vivendo.”

Com dezenas de filmes no currículo, o ator afirma que o cinema é sua paixão, mas que procura bons personagen­s em qualquer meio.

“A dedicação e o comprometi­mento são sempre os mesmos. A indicação ao prêmio é um sinal de que estou no caminho certo.”

Apesar do apego à telona, ele explica que a possibilid­ade de continuar a trajetória de um personagem foi o que chamou atenção nas séries.

“Você está completame­nte por dentro de quem é aquela pessoa e de tudo o que ela passou. A primeira temporada me trouxe muitas descoberta­s. Na terceira, o Cadu já está aqui. Sinto que sou ele.”

Os vencedores do Emmy Internacio­nal serão conhecidos na noite desta segundafei­ra (20), em cerimônia realizada em Nova York.

Andrade diz que é “uma loucura estar no meio de tantas pessoas talentosas de todo o mundo”, mas diz que “se não ganhar, a vida segue”.

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