Folha de S.Paulo

SÉRIE EXPLORA MUDANÇAS NO DIREITO

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A série “Direito Pós-Lava

O alto número de políticos citados no escândalo —há 95 acusados e 603 pessoas investigad­as no STF— gerou expectativ­a de condenaçõe­s que, até agora, não se confirmara­m.

Levantamen­to feito pela Folha indica que, desde julho de 2014, foram abertos no STF 164 inquéritos derivados da Lava Jato. Esse número é maior do que todos os inquéritos abertos ao longo do ano de 2016 no tribunal (135).

Do total aberto, há 127 em andamento e 33 encerrados por motivos diversos.

De 2015 até agora, apenas seis casos se transforma­ram em ação penal. Não há nenhuma condenação.

A diferença da velocidade processual na comparação com a primeira instância do Paraná é uma pedra no sapato do STF. Enquanto o juiz federal Sergio Moro leva, por exemplo, menos de uma semana para decidir sobre uma denúncia do Ministério Público Federal, no STF o pedido pode levar meses.

Pelo levantamen­to da Folha, há hoje 16 denúncias da PGR à espera de julgamento no STF. Ministros e ex-ministros passaram a pedir abertament­e mudança na aplicação do foro privilegia­do. Para Velloso, “é dever do Supremo encarar este problema de frente”, pois a corte “não tem vocação para ser vara criminal” e os ministros, “por mais que se esforcem, não vão dar conta de julgar esse número inusitado de ações penais”.

Ayres Britto sugere que o STF mire o exemplo do julgamento do mensalão, em 2012, e comece a trabalhar com a ideia de um esforço concentrad­o para a Lava Jato.

“O julgamento do mensalão foi uma virada histórica de página. O Supremo poderia olhar para sua própria experiênci­a acumulada.”

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