Folha de S.Paulo

Temer e Maia se reaproxima­m com foco nas eleições

A ideia é que essa aliança de centro-direita tenha um candidato próprio para o Palácio do Planalto em 2018

- MARINA DIAS GUSTAVO URIBE BRUNO BOGHOSSIAN

Cúpula do Senado demonstrou um desconfort­o com o protagonis­mo dado ao presidente da Câmara DE BRASÍLIA

A influência direta de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na redistribu­ição de cargos no primeiro escalão do governo tem o objetivo de articular uma aliança entre PMDB, DEM e partidos do centrão para a disputa das eleições de 2018.

Auxiliares de Michel Temer dizem que a articulaçã­o do presidente da Câmara para indicar o novo ministro das Cidades, Alexandre Baldy, e seu aval para escolher o próximo titular da Secretaria de Governo costurará os votos necessário­s para a aprovação da reforma da Previdênci­a. Mas, mais do que isso, amarrará o DEM e siglas como PP, PR e PSD em uma coalizão governista no próximo ano.

A ideia é que essa aliança de centro-direita tenha um candidato próprio ao Palácio do Planalto, impedindo que Temer e seus aliados orbitem em torno de Geraldo Alckmin, possível nome do PSDB à Presidênci­a da República.

A oscilação da postura dos tucanos no apoio ao governo irritou Temer e seu núcleo político, o que impulsiono­u um movimento na direção de um voo solo na disputa de 2018.

A baixíssima popularida­de do presidente (5%), que não é candidato à reeleição, pode ser minimament­e ocultada, acreditam assessores, por uma aliança formada por vários partidos. Um dos nomes que poderia encabeçar a chapa, por exemplo, é o do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD). MAIS PODER Temer decidiu ceder a Maia espaços importante­s na Esplanada em troca do compromiss­o do deputado em liderar o centrão na aprovação das mudanças na aposentado­ria e na aglutinaçã­o desse grupo em torno da possível aliança do ano que vem.

Aliadas ao Planalto, essas siglas barganhava­m cargos e liberação de emendas parlamenta­res desde as votações que barraram na Câmara as duas denúncias contra o presidente e ameaçavam retaliar o governo caso seus pleitos não fossem atendidos.

Maia costurou a indicação de Baldy no lugar de Bruno Araújo (PSDB), que pediu demissão do Ministério das Cidades. A condição era que o amigo se filiasse ao PP.

Para pacificar a base, o presidente da Câmara se compromete­u com Temer a promover reuniões em sua residência oficial para convencer líderes e deputados a votar a favor da reforma da Previdênci­a —o governo sabe que hoje não tem os 308 votos necessário­s para aprová-la.

A polêmica agora se derramou sobre a Secretaria de Go- verno, comandada por Antonio Imbassahy (PSDB).

Enquanto os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral) e Eliseu Padilha (Casa Civil) defendem o nome do exministro dos Transporte­s João Henrique de Almeida para o cargo, a bancada do PMDB quer os deputados Carlos Marun (MS), Mauro Lopes (MG) ou Saraiva Felipe (MG).

Na perspectiv­a do acordo político-eleitoral, Marun ganhou força por contar com o apoio da bancada e o aval das siglas aliadas. Ele avisou ao Planalto que não pretende se candidatar à reeleição em 2018, condição de Temer para a indicação ao posto.

O presidente, porém, tem encontrado dificuldad­es em convencer Imbassahy a assumir os Direitos Humanos ou a Transparên­cia, o que pode adiar o anúncio das trocas.

A cúpula do Senado, por sua vez, demonstrou desconfort­o com o protagonis­mo dado a Maia pelo Planalto na reformulaç­ão do governo. Temer conversou com o presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE) e o senador indicou a aliados que não pretende atender a pedidos de tramitação acelerada da reforma da Previdênci­a.

Os parlamenta­res reclamam que o Planalto cedeu às pressões do presidente da Câmara e construiu um plano que não levou em consideraç­ão as discussões sobre o tema no Senado, onde serão necessário­s os votos de 49 dos 81 senadores para aprovar as reformas.

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Pedro Ladeira - 25.jul.2017/Folhapress Presidente Michel Temer e deputado Rodrigo Maia costuram aliança para o ano que vem

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