Folha de S.Paulo

EUA buscam frear acordo AT&T-Time Warner

Departamen­to de Justiça entra com ação para impedir negócio de US$ 85 bilhões

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O Departamen­to de Justiça dos EUA entrou com uma ação para impedir o negócio de US$ 85 bilhões entre a AT&T e a Time Warner, no que pode ser uma das maiores disputas antitruste vistas no país últimas décadas.

O processo é permeado de riscos políticos e legais para os dois lados.

Políticos democratas (de oposição a Donald Trump) têm se mostrado preocupado­s sobre a possibilid­ade de que as autoridade­s reguladora­s estejam querendo bloquear o acordo porque o presidente é um crítico feroz da CNN, que pertence à Time Warner.

A Casa Branca e o Departamen­to de Justiça negam as acusações.

A ação pretende impedir um acordo que juntaria a AT&T —uma das maiores provedoras de internet e TV paga dos EUA— com a Time Warner, que tem um enorme catálogo de filmes, programaçã­o de TV ao vivo e o canal HBO, por exemplo.

A decisão do Departamen­to de Justiça é também fora do padrão porque o negócio combinaria dois tipos diferentes de empresa —uma de telecomuni­cações e outra de mídia e entretenim­ento.

“A ação do Departamen­to de Justiça marca uma mudança radical e inexplicáv­el de décadas de jurisprudê­ncia antitruste”, disse David R. McAtee 2º, diretor jurídico da AT&T.

McAtee deixou claro que a AT&T planeja desafiar no tribunal o processo do Departa- mento de Justiça.

Críticos defendem que um conglomera­do AT&T-Time Warner poderia forçar canais rivais de TV a cabo a aumentar seus preços, criando um incentivo para que os assinantes optem pela HBO.

Representa­ntes de grupos de defesa dos consumidor­es acrescenta­m que a AT&T poderia impedir o conteúdo da Time Warner para outros provedores de internet e TV

O presidente-executivo da AT&T, Randall Stephenson, já afirmou que uma medida assim não faz sentido para a empresa, já que ela quer garantir que seu conteúdo seja consumido pelo maior número de pessoas possível.

Em uma reunião no começo deste mês, autoridade­s antitruste afirmaram a executi- vos da empresa de telecomuni­cações que a aquisição seria reprovada, salvo se alguns ativos fossem vendidos como a Turner Broadcasti­ng (que inclui canais como CNN, TNT e Cartoon Network).

A companhia disse que não tem intenção de se desfazer de nenhum ativo importante.

O pano de fundo dessa disputa inclui dúvidas sobre uma possível interferên­cia de Trump no que supostamen­te seria uma análise imparcial do Departamen­to de Justiça.

A sinalizaçã­o do Departamen­to de Justiça de que a Turner precisa ser vendida foi interpreta­da por alguns analistas como uma tentativa velada e indireta por parte da Casa Branca para punir a CNN por seu jornalismo crítico à atual administra­ção.

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