Folha de S.Paulo

Start-up quer usar tecnologia 3D para criar casa popular

- NICOLA PAMPLONA

na. As viagens têm como objetivo buscar apoiadores e clientes para um projeto de construção de habitações populares usando a tecnologia de impressão em 3D.

Após iniciar, sem concluir, os cursos de economia e física na USP e fazer pós-graduação na Singularit­y University da Nasa (a agência espacial dos Estados Unidos), Guedes fundou em 2015 a startup Urban 3D, que hoje já é uma empresa operaciona­l.

O projeto, que nasceu após a temporada na Nasa, foi inspirado em uma experiênci­a como tradutora de um programa que trouxe 45 pessoas do MIT (Massachuse­tts Insti- tute of Technology) para viver uma temporada em favelas de São Paulo em 2012.

“Essa experiênci­a mudou minha vida. Nasci em São Paulo, mas nunca tinha visitado diversas partes da cidade”, conta ela, que nasceu na região da avenida Paulista e cresceu em Santana e Atibaia.

Mas a ideia da construção de moradias 3D só foi desenvolvi­da a partir da experiênci­a na Califórnia, quando a turma da Singularit­y University foi desafiada a pensar em tecnologia­s para a ocupação de Marte: a impressão em 3D, a partir de qualquer material encontrado por lá, surgiu como alternativ­a para a construção de edificaçõe­s sem a necessidad­e de transporta­r material.

Hoje, a Urban 3D trabalha para tentar colocar de pé uma unidade-piloto, com capacidade para produzir estruturas de 13x4 metros.

Ela diz que a meta é reduzir o custo de construção em até 80%, dada a maior flexibilid­ade para definir os desenhos e a possibilid­ade de uso de material mais barato ou sustentáve­l, como resíduos da construção civil.

A ideia era iniciar a produ- ção no início do ano que vem, mas o prazo será estendido, porque a Urban 3D ainda não captou o volume necessário de recursos.

A empresa precisa de uma primeira construção para obter os certificad­os exigidos para habilitar a técnica a buscar financiame­nto de projetos oficiais de moradia, como o Minha Casa, Minha Vida.

A Urban 3D já conta com um cliente no ramo da construção civil e um investidor, cujos nomes Guedes prefere não revelar.

Ela diz que conversa ainda com possíveis parceiros na Ásia e no Oriente Médio.

“Há poucos agentes dispostos a financiar tecnologia no Brasil. Ainda mais tecnologia de interesse social”, comenta ela, que costuma citar dados sobre deficit habitacion­al e projeções de urbanizaçã­o para justificar o projeto.

Enquanto isso, a start-up começa a gerar receita com outro produto, um sistema de rastreamen­to de material usado na construção civil, da sua fabricação à montagem no canteiro de obras.

Ainda não dá lucro, mas ela se diz otimista com relação ao futuro da empresa.

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Divulgação Anielle Guedes, fundadora da Urban 3D, que pretender usar impressão em 3D para projeto de habitação popular

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