Folha de S.Paulo

Cartolas teriam recebido até US$ 3 mi pela Copa América

Segundo testemunha de acusação, valores eram repassados para ‘conseguir influência e lealdade’ de presidente­s de federações

- SILAS MARTÍ

Mais uma ponta do novelo de supostos pagamentos de propina a cartolas do futebol sul-americano começou a ser destrincha­da no julgamento do escândalo de corrupção da Fifa, que entra em sua terceira semana em Nova York.

Santiago Peña, responsáve­l pelas finanças da argen- tina Full Play, depôs sobre valores que teriam sido pagos a presidente­s das federações com assento na Conmebol.

De acordo com Peña, US$ 15,3 milhões em propina foram pagos pela edição 2015 da Copa América —US$ 3 milhões ao presidente da Conmebol, US$ 3 milhões ao chefe do futebol argentino, US$ 3 milhões ao representa­nte brasileiro na Conmebol, US$ 6 milhões a outros seis cartolas de outros países e US$ 300 mil ao secretário-geral do órgão.

Peña não especifico­u qual brasileiro teria recebido propina —na época, Marco Polo Del Nero ocupava assento na Conmebol, mas o presidente da CBF era José Maria Marin.

“Os pagamentos eram relacionad­os a conseguir influência e lealdade dos presidente­s”, afirmou Peña. “Eram pagamentos secretos, registrado­s numa planilha de Excel gravada num pen drive.”

Nessa planilha, mostrada aos jurados, cada cartola era identifica­do com o nome de uma marca de carro. Honda, por exemplo, era uma referência a Juan Ángel Napout, ex-presidente da Conmebol.

Nenhum brasileiro é citado no arquivo em questão.

O termo “Globo” aparece associado a um pagamento de US$ 5 milhões. Peña, no entanto, não entrou em detalhes sobre a natureza da transação, não especifico­u se o termo estaria relacionad­o à TV Globo e nem se o valor seria propina. Alejandro Burzaco havia mencionado a TV Globo em seu depoimento, dizendo ter negociado pagamento de propinas com Marcelo Campos Pinto, então executivo da emissora. A empresa nega qualquer relação com pagamentos escusos.

Uma das advogadas de Napout contestou as declaraçõe­s de Peña. Ela disse que o conhecimen­to da testemunha sobre as transações dependia de informaçõe­s de terceiros, que ele nunca fez pagamentos a seu cliente e nem confirmou se Napout recebeu, de fato, esses valores.

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O empresário Cláudio Zopone, 51, fundou a associação

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