Folha de S.Paulo

Herói aos 37, artilheiro do Lanús tenta título no único lugar em que brilhou

Chamado de ‘deus’ quando voltou ao clube, Sand tem oito gols na Copa Libertador­es

- ALEX SABINO

DE SÃO PAULO

Há quase dois anos, em 16 de dezembro de 2015, o presidente do Lanús (ARG), Nicolás Russo, convocou a imprensa para entrevista coletiva. O dirigente pegou o microfone e anunciou: “Nosso deus voltou para casa.” Pepe Sand chorou. O atacante peregrino do futebol, hoje com 37 anos, é um dos artilheiro­s da Libertador­es de 2017 e a principal razão para a equipe da província de Buenos Aires ter chegado à final da competição sul-americana. Nesta quarta (22), faz o jogo de ida contra o Grêmio, em Porto Alegre.

“O Lanús é a minha casa. Nos momentos mais difíceis da minha carreira, foi o clube que me deu um lugar para trabalhar e isso não tem preço. Se a gente ganhar a Libertador­es, será a realização de tudo. Nem sei expressar o que significar­á para a gente esse título”, disse à Folha o centroavan­te, autor de oito gols até agora na competição.

Ele está empatado com Ignacio Scocco, do River Plate (ARG) e Alejandro Chumacero, do The Strongest (BOL), como o principal goleador.

É uma mudança consideráv­el na carreira de José Gustavo Sand, atacante que há três anos estava no Boca Unidos, na segunda divisão argentina. Teve problemas para se firmar e fez quatro gols.

“Eu nunca desisti porque a vida de um jogador de futebol é feita dessas subidas e descidas. Se você me ver jogar em campo, vai perceber que sou um lutador. Não tenho o costume de desistir das coisas”, afirma.

Não deveria ter sido tão difícil assim. Nas categorias de base do River Plate, Sand era uma máquina de fazer gols. Foram mais de cem. É um dos maiores artilheiro­s da história das categorias de base do time. Quando subiu ao profission­al, as coisas não deram certo. O mesmo aconteceu em todas as outras 12 equipes em que atuou. Passou por México, Emirados Árabes e Espanha. Jogou 13 partidas pelo Vitória em 2001. Só foi ter sucesso no Lanús.

Entre 2007 e 2009, na primeira passagem pelo clube de Buenos Aires, ganhou fama de um dos atacantes mais perigosos do futebol nacional. Foi convocado para a seleção argentina e disputou um amistoso contra o Panamá. Foi o máximo goleador dos torneios Clausura de 2008 e do Apertura de 2009. Com ele vestindo a camisa 9, o Lanús foi campeão do Apertura de 2007, o primeiro título de sua história. atenção para mim fora de campo. Não sou assim. Mas precisava dar resposta para essas pessoas. Por isso que falei aquilo”, afirma, lembrando ter mandado “abraços” para quem o xingou.

Dizer que não gosta de ser astro é fácil, mas Sand prova com atos em campo. Ele poderia ter feito três gols sobre o River. Seria o artilheiro isolado da Libertador­es e o maior herói da história do Lanús. Com a equipe precisando de mais um gol para ir à final, ele abriu mão de bater pênalti. Passou a responsabi­lidade para Alejandro Silva. Veio à cabeça a estreia pelo Racing, em 2012, quando perdeu duas cobranças.

“Fiquei com medo de errar”, confessa.

Receio que ele garante que o Lanús não terá para enfrentar o Grêmio em Porto Alegre. A partida de volta será no dia 29, em Buenos Aires.

“Acompanham­osoGrêmio e é um adversário que oferece muito perigo. Não é qualquer um que passa pelo Barcelona (EQU). Temos uma vantagem: decidir em casa. Somos fortes assim. Sonho com esse título. Me sinto jovem, não tenho problema de peso, sei me cuidar. Aqui jogo com confiança que só encontro no Lanús.”

“Sand é intermináv­el. Com muito menos jogos, está a um passo de ser nosso goleador histórico. Não tenho dúvidas que Sand e [Lautaro] Acosta são os atacantes mais importante­s da história deste clube”, afirma Nicolás Russo. FÁBIO ALEIXO.

 ??  ?? José Sand celebra gol contra o River Plate, pelo jogo de volta das semifinais; atacante fez dois na partida, mas não quis bater o pênalti da classifica­ção
José Sand celebra gol contra o River Plate, pelo jogo de volta das semifinais; atacante fez dois na partida, mas não quis bater o pênalti da classifica­ção

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