Folha de S.Paulo

Menino de ouro

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BRASÍLIA - Deputado do centrão, pupilo de Eduardo Cunha, citado na Lava Jato. Com este currículo, Alexandre Baldy já poderia reivindica­r um ministério no governo Temer. Suas credenciai­s não terminam aí. Ele também ostenta o apelido de “menino de ouro” de Carlinhos Cachoeira.

A alcunha se tornou pública em 2012, quando uma CPI investigou o bicheiro acusado de comandar o crime organizado em Goiás. Baldy era secretário no governo de Marconi Perillo, o favorito de Aécio Neves para assumir a presidênci­a do PSDB.

O relatório da comissão foi categórico: “Baldy, conquanto não tenha agido com a mesma desenvoltu­ra com que atuaram outros secretário­s do Estado de Goiás em prol dos interesses da organizaçã­o criminosa chefiada por Carlos Cachoeira, prestou relevantes serviços à quadrilha”.

Num acordão para blindar dezenas de políticos, o texto foi despachado ao arquivo. A CPI terminou em pizza, mas produziu um flagrante histórico. O SBT filmou o celular de Cândido Vaccarezza quando ele enviava um torpedo tranquiliz­ante a Sérgio Cabral: “Não se preocupe. Você é nosso e nós somos teu [sic]”.

Cachoeira foi preso nas operações Monte Carlo e Saqueador. Cabral e Vaccarezza foram presos na Lava Jato. Baldy teve mais sorte. Nesta quarta-feira, assinará o termo de posse como ministro das Cidades.

O novo inquilino da Esplanada deve a indicação ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Sua escolha também representa uma vitória do centrão. Viciado em cargos, o grupo aproveitou a debilidade do governo para exigir a pasta que libera obras de saneamento e habitação.

Ao votar a favor do impeachmen­t, Baldy citou a família, agradeceu a Deus e prometeu “ajudar o povo a limpar este país”. Ele se elegeu pelo PSDB, passou pelo PTN e será ministro pelo PP. Herdeira da ditadura, a sigla lidera o ranking de investigad­os na Lava Jato. Agora contará com o menino de ouro numa das cadeiras mais cobiçadas de Brasília.

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