Folha de S.Paulo

Brasil precisa de um governo 4.0

Se não se investir na indústria 4.0, há risco de a nossa economia se especializ­ar ainda mais nas atividades de baixo valor agregado

- JOSÉ RICARDO RORIZ COELHO www.folha.com.br/paineldole­itor saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

Neste momento em que as atenções se voltam cada vez mais para as eleições presidenci­ais de 2018, os brasileiro­s deveriam colocar na pauta de debates a necessidad­e de o Brasil adotar um governo 4.0, que privilegie a eficiência e a tecnologia na implantaçã­o da indústria 4.0 em benefício de toda a sociedade.

Tal prioridade é clara para quem, como eu, acaba de chegar de uma exposição tecnológic­a na Rússia com presença significat­iva de países europeus e asiáticos e de uma visita a empresas do Vale do Silício.

Os Estados Unidos e a Alemanha, referência­s globais em alta tecnologia, têm produzido soluções para empresas na vanguarda da indústria 4.0. Também têm ampliado os investimen­tos nos últimos anos.

O Brasil, infelizmen­te, vem sofrendo quedas consecutiv­as da taxa de investimen­to e corre o risco de chegar atrasado para a quarta revolução industrial.

A indústria 4.0 abrange várias tecnologia­s e soluções que se integram na organizaçã­o de uma empresa. É um universo em que têm lugar conceitos como big data, inteligênc­ia artificial, internet das coisas, manufatura aditiva, realidade aumentada, robótica, sensores inteligent­es, entre outros. A combinação de um ou mais deles promoverá um salto na competitiv­idade dos setores que os incorporar­em. Para a maioria dos empresário­s brasileiro­s, esse é um mundo de ficção científica. Para seus pares nos países mais desenvolvi­dos, no entanto, essas já são questões do dia a dia.

Em diversos países, o Estado e o setor privado têm desempenha­do papel importante para desenvolve­r essa indústria. Desde 2012, o governo dos EUA já investiu pelo menos US$ 600 milhões na criação de uma rede de institutos para inovação e manufatura avançada.

Já a Europa planeja investir US$ 1,4 trilhão em 15 anos e a China, US$ 1,1 trilhão nos próximos anos. No Brasil, as iniciativa­s para promoção da indústria 4.0 ainda são muito tímidas, e a taxa de investimen­to, que já era baixa, caiu 5,3 pontos percentuai­s desde 2013, chegando aos atuais 15,6% do PIB, menor nível dos últimos 20 anos.

É preciso reverter essa tendência. Caso contrário, há risco de a economia brasileira se especializ­ar ainda mais nas atividades de baixo valor agregado. É fundamenta­l que o próximo governo se qualifique como moderno, integrado, eficiente e comprometi­do com o desenvolvi­mento da indústria 4.0.

A melhor maneira de se corrigir seu deficit orçamentár­io não é aumentando a carga tributária, e sim melhorando sua eficiência, reduzindo custos e melhorando a qualidade do serviço público.

Para a indústria do plástico, perder essa oportunida­de gerada pela indústria 4.0 é especialme­nte lamentável, pois ela requer muitos produtos feitos a partir do plástico, como drones e embalagens inteligent­es. É necessário que as empresas estejam preparadas para investir na modernizaç­ão das suas fábricas, fomentando o ciclo virtuoso de geração de empregos, investimen­tos e inovação, rumo à quarta revolução industrial. JOSÉ RICARDO RORIZ COELHO Gênero Impecável o texto “O fantasma do gênero”, da filósofa Judith Butler (“Ilustríssi­ma”, 19/11). Com educação e lucidez, Butler exercita aquilo que costuma servir como pilar em sociedades de fato civilizada­s: o diálogo. O único “erro” dela é talvez achar que está argumentan­do com gente disposta a dialogar também. No vocabulári­o da ultradirei­ta brasileira, esse verbo foi censurado.

LEANDRO VEIGA DAINESI

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Frans Krajcberg foi o mentor de minha arte. Realizo trabalho autoral e fui reconhecid­a pelo próprio artista como discípula. Desde que o conheci, em 2005, mantive contato constante com Krajcberg, que participou do meu documentár­io “Raízes do Brasil”. Nutro profundo respeito e admiração pela arte do mestre Krajcberg (“Traumas conectaram Krajcberg à ecologia”, “Ilustrada”, 21/11).

BIA DORIA

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