Ministro das Cidades. A indicação é chancelada pelo atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Alvo da CPI do Congresso Nacional que investigou Carlos Cachoeira em 2012, o novo ministro das Cidades, Alexandre Baldy (que se filiará ao PP), recebeu doações eleitorais de um irmão do empresário dos jogos e tem pelo menos outros dois aliados vinculados ao escândalo.
O sogro e principal financiador de sua campanha a deputado federal em 2014, Marcelo Limírio Gonçalves, é réu ao lado de Cachoeira em uma ação de improbidade na Justiça Federal de Goiás.
O suplente que assumirá a vaga de Baldy na Câmara, Sandes Júnior (PP-GO), é alvo de inquérito sob a suspeita de ter cometido três crimes em conluio com Cachoeira.
O inquérito foi enviado recentemente a Goiás, mas deve voltar para a relatoria do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, devido ao foro privilegiado.
Carlos Augusto de Almeida Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira, foi o pivô do primeiro escândalo do governo Lula. Em 2004 veio à tona vídeo de uma conversa dele sobre propina com Waldomiro Diniz, o que levou à exoneração do então assessor do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu.
Anos depois o empresário dos jogos foi o centro de investigações da Polícia Federal que revelaram o envolvimento de empresários e agentes públicos com ilegalidades, resultando na cassação do mandato do então senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
Ex-secretário do governo de Goiás, Alexandre Baldy figura no relatório final da CPI como tendo colaborado com o esquema de Cachoeira.
O relatório final da CPI foi derrotado por 18 votos a 16 na comissão, após acordo entre as legendas atingidas. No lugar, aprovou-se um texto paralelo de apenas duas páginas, que não sugeriu o indiciamento de ninguém.
Após pressão do centrão, Baldy deve ser empossado nesta quarta (22) como novo CONTAS DE CAMPANHA Baldy declarou em 2014 ter arrecadado R$ 5,5 milhões para sua campanha a deputado federal, uma das mais caras do país. Entre os recursos, R$ 450 mil vieram de empresa vinculada a um irmão do empresário dos jogos.
O principal financiador, porém, é o empresário Marcelo Limírio, ex-integrantes do bloco de controle da Hypermarcas e apontado em operação como sócio oculto de Cachoeira.
Marcelo, sogro de Baldy, doou R$ 1,2 milhão como pessoa física e outros valores por meio de suas empresas. Ele responde na Justiça Federal de Goiás a ação de improbidade administrativa, sob suspeita de enriquecimento ilícito, ao lado de Cachoeira.
O relatório da CPI assinado pelo petista Odair Cunha (MG) identificou pagamento de empresas de Marcelo aos advogados de Cachoeira e o descreve como tendo vinculação “pessoal e econômica” com Cachoeira.
Mas diz não ter colhido elementos que o coloquem entre os membros da organização criminosa, sugerindo aprofundamento das investigações.
Sobre Sandes Júnior, a PF gravou várias ligações dele com Cachoeira. O parlamentar usava, segundo as investigações, um aparelho de rádio Nextel habilitado nos Estados Unidos e que, devido à equivocada crença de que era antigrampo, teria sido fornecido por Cachoeira a “membros seletos da organização”.
Em uma das gravações, Sandes pede “sete mil conto” para pagar uma pesquisa eleitoral. Em outra, um patrocínio de R$ 150 mil para custear viagem do time de futebol do filho.