Folha de S.Paulo

Trump quer acabar com neutralida­de da rede

Governo americano pretende revogar regra que garante acesso igual à internet

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A FCC (Comissão Federal de Comunicaçõ­es) dos Estados Unidos anunciou nesta terça-feira (21) que planeja revogar os importante­s regulament­os que garantem acesso igual à internet, abrindo caminho para que as empresas cobrem mais e bloqueiem o acesso a determinad­os sites.

A proposta, apresentad­a pelo presidente da FCC, Ajit Pai, representa uma revogação abrangente de regras adotadas no governo Barack Obama para proibir que os provedores de acesso bloqueasse­m ou reduzissem a velocidade de acesso a sites ou cobrassem um adicional de seus assinantes por streaming e outros serviços de internet da melhor qualidade.

Os beneficiár­ios claros da decisão seriam gigantes das telecomuni­cações como AT&T e Comcast, que há anos pressionam contra a regulament­ação da banda larga.

Os perdedores seriam sites como Google e Amazon que teriam de se submeter às empresas de telecomuni­cações para levar seu conteúdo aos consumidor­es. E os consumidor­es poderão ter de pagar mais por serviço de internet de boa qualidade.

“Sob minha proposta, o governo federal deixará de microgeren­ciar a internet”, afirmou Pai em comunicado.

O plano de revogar as regras de neutralida­de da rede adotadas em 2015 também reverte uma história decisão da FCC de declarar os serviços de banda larga como essenciais, em patamar semelhante ao da eletricida­de e da telefonia, o que criou uma fundação legal para as regras de neutralida­de de rede e sublinha a importânci­a que o acesso de alta velocidade à internet tem para o país.

A proposta deve ser aprovada em votação a ser realizada em 14 de dezembro. No entanto, a expectativ­a é de uma forte disputa jurídica pelas empresas que são contra a mudanças para que elas não entrem em vigor.

As ações de Pai, apontado para o posto por Trump, são a peça central de uma agenda de desregulam­entação que também removeu normas de proteção do interesse público que incidiam sobre as redes de TV, jornais e empresas de telecomuni­cações. NO BRASIL No Brasil, o Marco Civil da Internet, sancionado em 2014 e regulament­ado em 2016 (no fim do governo Dilma), estipula a neutralida­de da rede. O então deputado Eduardo Cunha (PMDB) era visto como um dos principais adversário­s da neutralida­de da rede. PAULO MIGLIACCI

Uma das vozes mais críticas do Vale do Silício, Mitchell Baker, diretora-executiva da Mozilla Foundation (que mantém todos os softwares e projetos de código aberto como o Firefox), tem se dedicado a reunir apoio e pleitear na FCC —entidade que regulament­a as comunicaçõ­es nos EUA— respeito à neutralida­de da rede.

Baker diz que a discussão é sobre a isonomia, para que todos sejam tratados de maneira igual pelos donos da rede, o que, segundo

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