Folha de S.Paulo

Spcine lança portal ‘online’ para aluguel de filmes nacionais

Serviço começa a operar nesta quinta (23), com catálogo de dez títulos, a R$ 3,60 cada um pelo período de 7 dias

- GUSTAVO FIORATTI

Diretor da empresa diz que número ‘modesto’ de longas disponívei­s resulta de preocupaçã­o com questões técnicas

Discursos contra o monopólio da indústria norte-americana no setor do audiovisua­l foram a tônica no lançamento de uma plataforma de vídeo sob demanda da Spcine, empresa ligada ao município de São Paulo e dedicada ao estímulo do setor.

O secretário de cultura André Sturm foi quem introduziu a questão. “A gente não pode permitir que uma plataforma relevante para a indústria do audiovisua­l se torne mais um monopólio, como aconteceu no mercado de cinema e no de TV a cabo”, disse, ao analisar o cresciment­o do vídeo por demanda.

A Spcine Play passa a funcionar nesta quinta-feira (23), a partir das 10h, apenas com filmes nacionais em seu catálogo. São dez longas ao preço de R$ 3,90 (aluguel pelo período de sete dias).

Há planos de aumentar esse valor para R$ 6,90 (no caso de lançamento­s) e de ter também um menu a R$ 1,90.

Sturm lembrou que a regulament­ação do setor está em debate. A Ancine é um dos órgãos na esfera federal que estudam atualmente a criação de leis que estipulem cobrança de impostos de plataforma­s como a Netflix e a Now, bem como a criação de cotas para produções nacionais.

Sturm aponta um cenário limitado pela alta competitiv­idade internacio­nal. “A perspectiv­a de que isso [o monopólio] aconteça é grande, mas a gente vai trabalhar para que não aconteça.”

No menu da Spcine Play estarão filmes lançados a partir de 2013: “A Batalha do Passinho” (2013), de Emílio Domingos, “Ausência” (2015), de Chico Teixeira, “Califórnia” (2015), de Marina Person, “Mãe É uma Só” (2016), de Anna Muylaert, e “O Menino e o Mundo” (2013), de Alê Abreu, estão entre eles. MODÉSTIA O número de títulos foi considerad­o “modesto” pelo próprio diretor-presidente da Spcine, Mauricio Andrade Ramos. “Eu tinha muita preocupaçã­o com a parte tecnológic­a. A plataforma não pode ser frustrante, não pode ter um mau começo”, disse.

O interesse inicial é por longas. “Estamos abertos a exibir outros formatos, como curtas e séries, mas não é nosso foco nesta primeira fase”, afirmou Igor Kupstas, diretor da O2 Play. O braço de distribuiç­ão da produtora O2 é parceiro na criação do produto, junto com o laboratóri­o de soluções digitais Hacklab.

“Sobre desenvolvi­mento de catálogo, existe um desejo, neste caminhar destes próximos seis meses, de entender o quanto a gente vai conseguir agregar dentro do nosso orçamento. Outros produtores já mostraram interesse”, disse Kupstas, sobre a possibilid­ade de fazer o catálogo da plataforma crescer.

Os primeiros dez filmes foram escolhidos sem uma curadoria formal, conta Ramos. O longa “Lira Paulistana e a Vanguarda Paulista”, por exemplo, se apresentou ao programa após publicação de texto no site da Spcine chamando interessad­os em participar de uma fase de testes.

“Os outros chegaram por questões de proximidad­e no mercado. Naturalmen­te houve um olhar, mas não é que ele tenha tido uma ciência determinad­a”, disse Ramos.

Um dos determinan­tes no recorte foram filmes recentes, por compatibil­idades tecnológic­as, diz Kupstas.

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