Folha de S.Paulo

Jovem põe em xeque império do salto alto

- PEDRO DINIZ

FOLHA

Se é certa a máxima de que o calçado representa o estilo de uma pessoa, o mundo desceu do salto e anda relaxado.

Após o reinado despótico do salto alto, os tênis ganharam o consumo de alto padrão e de massa, da corrida à festa.

Chanel, Christian Louboutin, Adidas, Balenciaga. Rara é a marca que não tenha apostado no acessório. O empresário Alexandre Birman, dono do grupo Arezzo e designer do ano pela Associação dos Calçados de Moda de Nova York, criou uma marca só para esse símbolo do uniforme jovem: a Fiever (alusão a febre, em inglês).

Sem abandonar o poder do salto em sua marca homônima, fundou a etiqueta para responder “ao desejo de pessoas ativas, que usam tênis em todas as ocasiões”.

“Hoje se vende mais calçados sem salto. O posicionam­ento do luxo está direcionad­o para essa ideia mais casu- al da vida. Quem está fazendo isso tem conquistad­o uma gama maior de clientes porque é um acessório que não agrada só aos jovens”, diz Birman.

Ele explica que a mudança de perfil dos clientes não pode significar desvios.

“Mudar discurso implica em custos altos de comunicaçã­o e produção. No nosso caso, preferimos criar uma nova marca, com uma outra realidade, para criar um equilíbrio, diversific­ar o grupo.”

Brilhos, pedrarias, grafismos e colorido são caracterís­ticas dos tênis de luxo.

O designer francês Christian Louboutin, famoso pelos escarpins de sola vermelha, lançou uma linha só de tênis assinados por artistas. A concorrênc­ia não ficou para trás.

Uma das grifes de calçados prediletas de jovens como a cantora Rihanna e a modelo Bella Hadid, a italiana René Caovilla deu vida nova ao seu portfólio ao implementa­r as peças do momento.

“Era necessário preservar o legado do meu avô, mas modernizar a marca. A geração “millennial” busca valor agregado, produtos feitos à mão e querem saber todo o processo de produção por trás da peça”, diz o diretor criativo da grife, Edoardo Caovilla. Ele acaba de abrir a primeira loja da marca no país, no shopping Cidade Jardim, em SP.

A readequaçã­o do mercado de acessórios ainda é tímida na joalheira, ponta mais cara do vestuário de luxo. A grife americana Tiffany & Co. foi a primeira das marcas centenária­s a mirar as novas gerações.

Além de lançar peças customizáv­eis, raridade no mundo de vaidades da joalheria, transformo­u a cantora Lady Gaga em sua modelo.

“Jovens entraram na loja procurando a ‘coleção da Lady Gaga’”, diz a diretora da Tiffany, Luciana Marsicano.

“Todas as clientes apreciam a beleza de um diamante, mas a cliente mais jovem busca peças mais usáveis, que vão do dia para a noite.”

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Keiny Andrade/Folhapress O empresário Alexandre Birman na loja da Fiever, na rua Oscar Freire, em São Paulo

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