Folha de S.Paulo

E ainda falta gente

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RIO DE JANEIRO - Numa ação que certamente estabelece­u um recorde nacional, o Rio acordou nesta quarta (22) com três ex-governador­es presos: Anthony e Rosinha Garotinho juntaram-se ao já veterano Sérgio Cabral, que completou recentemen­te um ano em cana. O trio esteve à frente do Estado por 15 anos entre 1999 e 2014.

Como se esse quadro fosse pouco, também estão presos os três últimos presidente­s da Assembleia Legislativ­a fluminense: Jorge Picciani, Paulo Mello e o indefectív­el Cabral, que dominam a Alerj desde 1995. Disso tudo, depreende-se que a política do Rio ainda não chegou ao século 21.

Tem mais: desde março o TCE-RJ funciona com três conselheir­os substituto­s, em razão da prisão de quatro conselheir­os, além do então presidente do tribunal.

“Constata-se que o Poder Executivo, o Legislativ­o e o Tribunal de Contas, que deveriam ser autônomos, com dever de fiscalizaç­ão re- cíproca, na realidade estão estruturad­os em flagrante organizaçã­o criminosa com o fim de garantir contínuo desvio de recursos públicos e lavagem de capitais”, disse o delegado da Polícia Federal Alexandre Ramagem Rodrigues.

E ninguém acredita que os escândalos vão parar por aí. Ou os eleitores de Luiz Fernando Pezão, cria e sucessor de Cabral, acham que o atual governador misturou-se aos porcos, mas não se enlameou? E o ex-prefeito Eduardo Paes, outrora presidenci­ável, depois favorito ao governo do Rio, atualmente forte candidato a citações em delações premiadas?

Como disse o ex-governador Garotinho dois dias antes de ser preso pela segunda vez, “é preciso que a população acorde, porque ainda não terminou a faxina. Faltam outros setores que foram altamente envolvidos com essa safadeza toda”. Quem há de duvidar da palavra do especialis­ta? marco.canonico@grupofolha.com.br MATIAS SPEKTOR

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