Deputado foi um dos mais fiéis a Eduardo Cunha
O presidente Michel Temer decidiu adiar a troca do seu articulador político para evitar atritos com a ala do PSDB que mantém apoio ao governo às vésperas de uma nova tentativa de votação da reforma da Previdência.
Temer havia definido a substituição de Antonio Imbassahy (PSDB-BA) pelo deputado Carlos Marun (PMDBMS) na Secretaria de Governo, mas a reação tucana levou o presidente a manter o ministro no cargo por enquanto.
Sob apelos do ministro e do senador Aécio Neves (MG), Temer deve esperar os desdobramentos das articulações para votar a reforma e aguardar a convenção do PSDB, marcada para 9 de dezembro, quando a sigla pode aprovar uma manifestação expressa de desembarque do governo.
Imbassahy perdeu força no cargo depois que partidos da base aliada de Temer passaram a cobrar sua saída, com o argumento de que o PSDB deixou de dar sustentação ao presidente.
Temer atendeu aos pedidos dessas siglas e decidiu contemplar o PMDB com uma indicação para a Secretaria de Governo, posto-chave do Palácio do Planalto.
Ao definir a substituição, Temer atende às cobranças dos partidos do “centrão” e do próprio PMDB, que se queixam de ter participação limitada no primeiro escalão.
A bancada do PMDB fechou apoio ao nome de Marun na terça (21). Auxiliares diretos de Temer confirmaram, em caráter reservado, que ele tomaria posse nesta quarta (22).
O vazamento da informação, no início da tarde, irritou tanto os tucanos como o próprio presidente —que não havia comunicado a substituição a Imbassahy e ao PSDB.
Horas antes, Temer havia recebido Aécio para pedir sua ajuda na articulação de votos da bancada tucana para apro-
DE BRASÍLIA
Em seu primeiro mandato como deputado federal, Carlos Marun ganhou notoriedade por fazer declarações polêmicas e pela fidelidade absoluta a Eduardo Cunha, preso desde o ano passado pela Lava Jato.
Ele foi um dos articuladores da eleição do peemedebista à presidência da Câmara, o que lhe rendeu papel de destaque durante todo seu mandato.
Na “tropa de choque” de Cunha, cabia a Marun atuar como mensageiro do peemedebista e a defendê-lo publicamente, função que exerceu até a sua cassação, em setembro de 2016. var a reforma da Previdência.
Quando a informação sobre a escolha de Marun passou a circular, Imbassahy estava em uma reunião da cúpula do PSDB tentando convencer os dirigentes a aprovar um apoio formal à proposta.
Temer já havia sido avisado por dirigentes do PSDB que o ministro estava pronto para deixar a pasta, mas os tucanos faziam apelos para que a saída se desse de forma “elegante”.
Aécio disse à Folha queo PSDB não se envergonha de ter participado do governo e trata o desembarque como
Na sessão que selou o destino de Cunha, Marun foi o único a sair em defesa do aliado, o que lhe rendeu o apelido de “companheiro solitário”. “Nós estamos cassando o mandato de um deputado pelas notícias. E o noticiário foi extremamente desequilibrado”, disse.
Com a prisão de Cunha, Marun se aproximou e se tornou aliado de primeira hora de Michel Temer.
Ele assumiu a presidência da CPI da JBS e presidiu Comissão da Reforma da Previdência.
Barrada a segunda denúncia contra o presidente, pela acusação de organização criminosa e obstrução judicial, Marun demonstrou publicamente sua lealdade ao presidente. Dançou e cantou no plenário, o que foi chamado pelos partidos de oposição de “baile da impunidade”.