Folha de S.Paulo

Sumiço abre crise entre governo e Marinha

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DE BUENOS AIRES

A reunião entre o presidente argentino, Mauricio Macri, o ministro de Defesa, Oscar Aguad, e o comandante da Marinha do país, almirante Marcelo Srur, na noite de terça (21), foi tensa, segundo a Folha apurou.

A primeira reclamação foi de Aguad, por ter ficado sabendo do incidente por meio da imprensa, quando se encontrava em viagem. Macri teria reforçado essa queixa.

Srur teria respondido que o capitão do submarino fizera comunicaçã­o regular no começo da semana e que, segundo o protocolo, não havia motivo para preocupaçã­o nas primeiras 48 horas. Quando esse tempo passou, Srur ativou os mecanismos de busca, mas sem antes avisar o ministro.

Macri teria criticado Srur por ter soltado, no sábado (18), uma informação não confirmada, a de que as tentativas de contato detectadas pela Marinha teriam se originado no submarino —o que depois foi desmentido.

A mesma ressalva foi feita ao modo como o porta-voz da Marinha, Enrique Balbi, vem comunicand­o imediatame­nte aos meios a detecção de ruídos e sinalizado­res como possível indicação de que a tripulação esteja viva.

Quando comentou a existência de um “ruído repetido” captado por uma embarcação argentina, há alguns dias, Balbi disse se tratar de som típico de submarinos como o ARA San Juan. Já na manhã da quarta (22), minimizou o caso, dizendo que “a região está cheia de pesqueiros e [que] há muitos ruídos que são difíceis de identifica­r”.

O Executivo alertou Srur de que tais anúncios comovem parentes dos tripulante­s à espera de notícias e que devem ser feitos com cuidado. Designou, então, a subministr­a de Defesa, Graciela Villata, para acompanhar o comando das operações da Marinha.

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