Folha de S.Paulo

Líder de massacre na Bósnia é condenado

Ratko Mladic foi responsabi­lizado pela morte de 8.000 muçulmanos em Srebrenica durante guerra nos anos 90

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Com julgamento, tribunal criado pela ONU para julgar crimes de guerra na Iugoslávia encerra seus trabalhos

O Tribunal da ONU para os crimes da guerra na antiga Iugoslávia condenou o comandante militar dos sérvios da Bósnia, Ratko Mladic, à prisão perpétua por genocídio e crimes contra a humanidade.

O veredicto, anunciado nesta quarta-feira (22) pela corte em Haia, na Holanda, considerou que o general foi responsáve­l por uma série de violações durante a Guerra da Bósnia, entre 1992 e 1995.

Mladic, 75, foi responsabi­lizado por sua participaç­ão em dois dos momentos mais dramáticos do confronto.

Ele foi acusado de comandar as tropas durante o cerco de três anos a Sarajevo, capital bósnia, e no massacre da cidade de Srebrenica, quando 8.000 homens e meninos muçulmanos foram mortos pelos militares.

Os três juízes do Tribunal Penal Internacio­nal do conflito na antiga Iugoslávia, o nome oficial da corte, considerar­am Mladic culpado por 10 das 11 acusações a que o bósnio respondia.

O presidente do julgamen- to, Alphons Orie, leu a sentença depois de ordenar que Mladic fosse retirado do plenário —o general teve um ataque de raiva após ter sido negado o pedido da defesa para que o julgamento fosse adiado por razões médicas.

Mães das vítimas de Srebrenica, o maior massacre em território europeu depois da Segunda Guerra Mundial (1939-45), bateram palmas durante a leitura da sentença, enquanto a família de Mladic reclamava do tratamento do tribunal.

“Eu não estou surpreso, o tribunal tinha um viés desde o começo”, disse Darko Mladic, filho do general. A defesa disse que pretende recorrer da decisão. ÚLTIMO JULGAMENTO Bósnios e sérvios acompanhar­am com atenção o último julgamento do tribunal criado para deliberar sobre os crimes cometidos durante a guerra na antiga Iugoslávia.

Do lado de fora da corte, houve tensão entre grupos de sérvios, favoráveis a Mladic, e de bósnios, contrários ao ex-militar.

Apesar de enfrentar problemas de saúde, Mladic apareceu perante a corte com um semblante tranquilo, cumpriment­ou os advogados e chegou a fazer um sinal de positivo para as câmeras.

Durante parte do julgamento, enquanto Orie lia a descrição dos crimes cometidos pelos militares sérvios, Mladic balançava a cabeça. Antes de ser julgado, Mladic passou cerca de 15 anos foragido, até ser capturado em 2011.

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Dimitar Dilkoff/AFP Cartazes celebram Ratko Mladic em Bratunac, cidade na região sérvio-bósnia da Bósnia

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