Folha de S.Paulo

Harvard é investigad­a por preterir asiáticos

Segundo associação de estudantes, busca por diversidad­e discrimina alunos com bom desempenho acadêmico

- ESTELITA HASS CARAZZAI

Instituiçã­o nega fazer seleção por raça, e organizaçõ­es veem tentativa de reprimir ações afirmativa­s

O Departamen­to de Justiça dos EUA investiga a Universida­de Harvard, uma das mais prestigiad­as do mundo, por preterir estudantes de origem asiática em sua seleção em favor de negros e latinos.

Em ofícios enviados à universida­de nesta semana e revelados pelo “Wall Street Journal”, o órgão cita a Lei dos Direitos Civis, que proíbe “discrimina­ção com base em raça, cor e origem em programas e atividades que recebam financiame­nto federal”, e pede os documentos de seleção.

Hoje, quase 40 mil estudantes disputam a cada semestre uma vaga na universida­de, que seleciona 2.000.

Na turma mais recente, metade dos alunos escolhidos era branca, e a outra metade, formada por asiáticos (22%), negros (14%), latinos (11%) e indígenas (1,9%).

Mas, segundo uma associação de estudantes, o total de alunos de origem asiática seria maior se não fossem práticas de equilíbrio racial adotadas por Harvard.

A Students for Fair Admissions (SFA, estudantes pela admissão justa) já moveu ações judiciais contra três dados não demonstram discrimina­ção, e esse tipo de seleção permite construir um ambiente acadêmico diversific­ado, que “prepara os alunos como cidadãos globais”.

Não se sabe se outras universida­des estão sob investigaç­ão. Oficialmen­te, o Departamen­to de Justiça informou à Folha que não comenta investigaç­ões em andamento, mas que “encara com seriedade qualquer potencial violação aos direitos civis e constituci­onais do indivíduo”.

Em nota, Harvard afirma que está disposta a colaborar com a investigaç­ão, mas que tem a “obrigação de proteger a confidenci­alidade” de seus estudantes e, por isso, vem buscando “a melhor forma” de fornecer os documentos.

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