Otis compra área de elevadores da Mitsubishi no Brasil
As notas promissórias, um título de dívida que as empresas emitem para se financiar, mais que triplicaram nos primeiros dez meses do ano, na comparação com 2016, de acordo a Anbima (associação de mercados de capitais).
As emissões desse de papel somaram R$ 18 bilhões até outubro, contra R$ 5,9 bilhões do mesmo período do ano passado. É a maneira de financiamento por título que teve o maior crescimento.
Outras modalidades também tiveram altas, mas nenhuma cresceu na proporção das notas promissórias.
O título geralmente tem prazo curto, de seis meses a um ano, diz Fabio Zenaro, superintendente da B3. “O perfil é de empréstimo ponte. Às vezes, a empresa se prepara para emitir debênture, mas precisa de fôlego e usa nota.”
A queda das taxas básicas de juros fizeram as emissoras procurarem mais a solução: muitas usam as notas para quitar dívidas mais caras, afirma Mauro Tukiyama, diretor de renda fixa do Bradesco BBI.
“Tem havido busca para investimentos em capacidade fixa de produção e capital de giro, mas em menor grau. Isso é o que vai puxar [as emissões] de agora em diante.”
Uma regra ajudou a impulsionar o papel. Empresas não podem emitir debêntures em sequência. As que querem aproveitar o momento de mercado, mas estão impedidas por essa quarentena, colocam notas promissórias.
A captação por meio de títulos no exterior também subiu neste ano, diz Aguinaldo Barbieri, gerente de mercado de capitais do Banco do Brasil: “já foram US$ 27,9 bilhões neste ano, contra US$ 20,2 bilhões em 2016 inteiro”.
A fabricante de elevadores e escadas rolantes Otis comprou a divisão brasileira da Mitsubishi que atuava nesse setor sob o nome Melco.
O principal objetivo é fortalecer sua atuação no mercado de manutenção e modernização de equipamentos, afirma Julio Bellinassi, diretor-geral da companhia para a América do Sul.
“A Mitsubishi tem uma carteira de serviços forte principalmente no Sul e no Sudeste, regiões onde nosso portfólio é bem significativo. É uma aquisição que fortalece o nosso atendimento a elevadores multimarcas.”
O valor da transação não foi revelado. A Melco teve prejuízo de R$ 28,1 milhões em 2016 e, em agosto deste ano, possuía capital social de R$ 138,4 milhões, segundo atas publicadas no “Diário Oficial” do Rio Grande do Sul.
A Otis tem mais de 2.000 colaboradores no Brasil. “Ainda é muito cedo para falarmos [como será a absorção do portfólio] de novos equipamentos, da fábrica deles em Guaíba (RS) e de enxugamento de estrutura”, diz Bellinassi.
O acordo de compra inclui o fornecimento de peças e a transferência de conhecimento técnico da Mitsubishi para a compradora, que assumiu os contratos pendentes da multinacional japonesa na última terça-feira (21).