Folha de S.Paulo

Abilio Diniz consegue emplacar novo presidente da BRF

Numa vitória do empresário sobre fundos, conselho nomeia José Aurélio Drummond Junior para o comando da gigante de alimentos

- RAQUEL LANDIM

Abilio Diniz venceu a queda de braço com os fundos de pensão e conseguiu nomear José Aurélio Drummond Junior como o novo presidente­executivo da BRF, gigante de alimentos formada pela fusão entre Sadia e Perdigão.

Drummond Junior —que já ocupou as presidênci­as de Whirpool, Eneva e Alcoa— assume o cargo em 21 de dezembro no lugar de Pedro Faria, executivo egresso do fundo Tarpon, que também chegou ao cargo com apoio de Abilio.

O nome de Drummond Junior foi aprovado pelo conselho de administra­ção da BRF nesta quinta (22). Segundo pessoas envolvidas no processo, a decisão não foi unânime.

Os fundos Petros (Petrobras) e Previ (Banco do Brasil) resistiam à escolha de Drummond por sua proximidad­e com Abilio e com a Tarpon. A avaliação dos fundos é que a BRF precisava de uma mudança significat­iva de gestão após registrar sucessivos prejuízos.

Petros e Previ, no entanto, não tiveram força para resistir à nova investida de Abilio. Apesar de serem os maiores acionistas da BRF, com 11,4% e 10,7% de participaç­ão, só contam com dois representa­ntes no conselho: o advogado Francisco Petros e o executivo Walter Malieni Junior.

Já a influência de Abilio, que é presidente do colegiado e detém 4% das ações, é muito maior. Além do seu voto e do de Drummond, ele também conta com o apoio de Flávia Buarque de Almeida, executiva da Península (veículo de investimen­to dos Diniz), e de José Carlos Reis de Magalhães Neto, sócio da Tarpon.

Na mais recente divulgação de resultado, Abilio mandou um recado para Petros e Previ ao dizer “que nenhum acionista, independen­te de sua posição, vai dar ordens aqui”. Segundo pessoas próximas ao empresário, ele ficou incomodado com reportagem da Folha que trouxe a público a divergênci­a com os fundos.

Na visão de pessoas ligadas à empresa, o principal desafio de Drummond agora será apaziguar os ânimos dos diferentes acionistas, já que a empresa começou a reverter os resultados negativos no terceiro trimestre. RECEITA R$ 10,1 bilhões LUCRO LÍQUIDO R$ 138 milhões EBITDA R$ 1,07 bilhão PRINCIPAIS CONCORRENT­ES Seara, Marfrig, Aurora

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