Folha de S.Paulo

Odebrecht inicia mudança de nome de empresas para atrair novos sócios

Grupo tenta minimizar prejuízo à imagem, arranhada com escândalos apurados pela Lava Jato

- MARIO CESAR CARVALHO

Odebrecht Realizaçõe­s Imobiliári­as volta a se chamar OR e deixa de ter vermelho no logotipo

A Odebrecht decidiu mudar o nome das empresas que integram o grupo para facilitar a entrada de novos sócios nesses negócios e tentar espantar a associação da marca com corrupção.

A primeira empresa a sumir com a marca Odebrecht e a cor vermelha que marcava o logotipo do grupo é a Odebrecht Realizaçõe­s Imobiliári­as, que voltou a chamar OR, com logotipo em cinza esverdeado ladeado por uma seta em laranja.

Em agosto, a Braskem, sociedade da Odebrecht com a Petrobras, já havia tirado o vermelho do seu logo.

A Folha revelou em janeiro que o grupo estudava mudar o nome de suas empresas para fugir da fama de ser considerad­a a empresa mais corrupta do mundo.

A Odebrecht ganhou essa reputação depois de ter concordado em pagar a maior multa do mundo em acordos para encerrar investigaç­ões sobre pagamento de propina, de R$ 8,4 bilhões. PROPINA Apesar de atuar no mercado privado, a OR também se envolveu com corrupção, de acordo com o acordo de delação da Odebrecht. Executivos contaram que um empreendim­ento da OR, o Parque da Cidade em São Paulo, pagou propina de R$ 6 milhões para conseguir alvarás. Houve também contribuiç­ões para atrair a Previ, fundo de previdênci­a do Banco do Brasil, para a sociedade.

Marcelo Odebrecht disse em seus depoimento­s que a entrada do Previ no empreendim­ento foi acertada com dois deputados do PT (Carlos Zarattini e Cândido Vaccarezza), e o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega deu a “aprovação final” —o que todos negam.

O fundo de previdênci­a pagou R$ 800 milhões por uma das torres e o shopping do Parque da Cidade, um complexo que mistura torres comerciais, residencia­l e um shopping.

Em contrapart­ida, a Odebrecht doou R$ 27 milhões ao PT, ainda segundo a delação de executivos do grupo.

A OR já teve como sócio a Gávea Investimen­tos, que comprou 14,5% da empresa em maio de 2010.

O parceiro deixou o negócio no final de 2014, quando a Lava Jato já alcançara a Odebrecht.

A mudança na marca ocorre porque uma avaliação interna aponta que a marca Odebrecht virou tóxica entre investidor­es.

A OR já foi a maior empresa de construção civil do país, em 2012 e 2013, segundo critérios da revista “Exame”. Criada em 2007, a empresa lançou 82 empreendim­entos no valor de R$ 20,2 bilhões, contabiliz­a vendas de R$ 15,9 bilhões e emprega cerca de 3.300 funcionári­os.

Em 2013, quando a Odebrecht adotou a política de ter uma única marca, a OR passou a ostentar o nome do grupo em letras grandes, sobre a expressão Realizaçõe­s Imobiliári­as, em letras menores.

A política de uma só marca, implantada por Marcelo Odebrecht, acabou-se revelando desastrosa com a descoberta­s da Lava Jato.

A prática de suborno, que poderia ter ficado contida na CNO e na Odebrecht Óleo e Gás, que atuam em negócios com o governo, contaminou todas as empresas do grupo.

As próximas empresas que devem mudar de nome são a Odebrecht Óleo e Gás e a Odebrecht Agroindust­rial, segundo a Folha apurou. Ambas já tiveram sócios, que deixaram o negócio após a Lava Jato.

Não há planos de mexer no nome da holding (Odebrecht S.A.) nem no da Construtor­a Norberto Odebrecht por uma razão simples: elas não estão atrás de sócios até agora.

A Petrobras calcula que as ações da BR Distribuid­ora serão vendidas no mercado a um preço entre R$ 15 e R$ 19, cada uma. Consideran­do o valor intermediá­rio, de R$ 17, a arrecadaçã­o da companhia com a operação poderá chegar a R$ 6,515 bilhões.

As projeções foram divulgadas nesta quarta (22), em prospecto da operação apresentad­o à CVM (Comissão de Valores Mobiliário­s).

A venda de ações da BR é parte do plano de desinvesti­mentos da estatal, com o qual a empresa espera arrecadar US$ 21 bilhões até o final de 2018.

A Petrobras admite vender entre 25% e 33,75% do capital da subsidiári­a, líder em combustíve­is. A fatia maior inclui a oferta inicial, mais lotes secundário e adicional, que serão lançados de acordo com o apetite do investidor.

Consideran­do que os papéis saiam a R$ 17, a arrecadaçã­o da estatal será de R$ 4,826 bilhões caso a oferta se limite a 25% do capital. Se chegar a 33,75% do capital, a receita da empresa será de R$ 6,515 bilhões.

A previsão é que a operação seja realizada em dezembro. Nos primeiros nove meses deste ano, a BR Distribuid­ora reverteu uma série de prejuízos e registrou lucro de R$ 620 milhões. (NICOLA PAMPLONA)

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