Falta de estoque é pesadelo na Black Friday
Na edição de 2016, produto indisponível gerou três vezes mais reclamações para Procon-SP do que desconto falso
Com mais informação e menos dinheiro, brasileiros reclamam da Black Friday Nem todos os sites têm estrutura para lidar com aumento repentino de movimento no dia, que cresce anualmente
O maior problema da Black Friday brasileira, que chega à sétima edição nesta sextafeira (24), não é mais a fraude, e sim a falta de estoque.
Quando a loja não reconhece o problema a tempo, os pedidos são cancelados depois de efetuada a compra.
Em 2015, 28,3% das denúncias ao Procon-SP eram por maquiagem de desconto, e 26%, por produto indisponível. Em 2016, o primeiro item caiu para 8,7%, e queixa por pedido cancelado foi a 35,6%.
“O produto acaba e a oferta nunca é cumprida, porque o desconto é temporário”, diz Bruno Stroebel, supervisor de fiscalização do Procon-SP.
Neste caso, a lei permite ao consumidor escolher entre o cumprimento forçado da oferta, aceitar um produto equivalente ou rescindir o contrato. O Procon estadual e a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) podem exigir o cumprimento da oferta.
“Caso o pedido seja desrespeitado, os consumidores devem entrar com ação, e, se for o caso, pedir indenização”, diz Igor Marchetti, advogado do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor).
A integração do e-commerce com sistemas de pagamento e de logística resolveria parte das reclamações porque haveria um controle mais adequado dos estoques, mas essa solução não é acessível para todos os comerciantes.
“Os sites maiores têm poder de barganha para contratar bons sistemas de pagamento”, diz João Barcellos, da MundiPagg, que lida com 40% das transações do e-commerce brasileiro.
Com cada vez mais participantes na Black Friday, os consumidores ficam suscetíveis a problemas em lojas menores e menos conhecidas.
Já o aumento no preço inicial para tornar o desconto maior é crime de publicidade enganosa, com pena de até um ano de detenção ou multa. As empresas podem ser punidas de três formas diferentes —pagando indenização ao consumidor, respondendo pelo crime na Justiça e, ainda, sendo autuadas pelo Procon ou Senacon.
“Os consumidores estão mais atentos. É arriscado amentar os preços e depois abaixar”, diz Mauricio Salvador, da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico.