Folha de S.Paulo

Os olhos verdes que enxergaram longe

- SITTA FRIDMAN - Aos 71, viúva. Deixa os filhos Pérola, Íris, Amnon, irmão e netos. Quarta (22/11) às 11h. Cemitério ELZA NOGUEIRA DE SÁ (1940-2017) JUNIA NOGUEIRA DE SÁ Israelita do Butantã, av. Eng. Heitor Antonio Eiras Garcia, 5.530, Butantã. SEBASTIÃO

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Leonina com ascendente em Leão, Elza sempre foi a estrela da casa. Muito bonita e vaidosa, creditava seu charme aos olhos, intensamen­te verdes.

Casou-se muito jovem. Aos 22 já tinha três meninas, uma “escadinha”. O marido, médico, sustentava a prole com conforto, então ela pôde se dedicar ao que faziam as esposas dos anos 1960: cuidar das filhas.

Fez questão de encontrar para a família uma casa grande onde recebia os amigos e, aos sábados, ao menos metade da escola das filhas se esbaldava na piscina. Participav­a da farra como se tivesse a mesma idade das crianças.

Habilidosa, preparava fantasias e decorava festas em casa com criativida­de. Era capaz de fazer qualquer peça de artesanato e aprendia receitas complicada­s na cozinha só pelo prazer do desafio.

Mas enquanto as filhas cresciam, Elza elaborou dois mantras que viraram sua marca. O primeiro, “Meninas, produzir!”, não deixava ninguém quieto —nem nas férias. Se fosse leitura, tanto melhor!

O segundo somava ao primeiro um toque feminista que orientou a vida das filhas, de sobrinhas e amigas da família: “Para saber mandar, tem que saber fazer!”. Estimulava o aprendizad­o dentro e fora de casa e insistia que toda mulher deve ter formação e renda se quiser ser dona do nariz.

Morreu aos 77, por complicaçõ­es pulmonares no sábado (18). Deixa as três filhas, três netos, o genro e amigos achando o mundo menos divertido. Os belos olhos verdes foram doados para ajudar a diminuir a fila de 3.800 pessoas que, só no Estado de SP, aguardam um transplant­e de córnea. coluna.obituario.grupofolha.com.br 4º MÊS 235º MÊS

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