Folha de S.Paulo

PT, PDT e PSOL pedem cassação da TV Globo por escândalo da Fifa

Emissora diz que não vai comentar enquanto não for notificada e afirma que ‘não pratica nem tolera qualquer tipo de propina’

- MÔNICA BERGAMO NELSON DE SÁ

FOLHA

O PT está apresentan­do uma representa­ção ao Cade (Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica) em que acusa o Grupo Globo de ter ferido a lei de Defesa da Concorrênc­ia no caso de corrupção na Fifa. Assinam o documento também o PDT e o PSOL.

As legendas acionaram ainda a PGR (Procurador­iaGeral da República) para a investigaç­ão de eventuais crimes e pediram ao Ministério da Ciência e Tecnologia que casse a concessão da TV, por supostamen­te infringir a Lei Geral de Telecomuni­cações.

A empresa foi acusada de pagar propina de US$ 15 milhões, junto com a mexicana Televisa, pelos direitos de transmissã­o das Copas do Mundo de 2026 e 2030. O valor garantiria os direitos de TV, rádio e internet para os eventos esportivos e teria sido depositado no banco Julius Bär, na Suíça.

As acusações foram feitas por um delator, o argentino Alejandro Burzaco, uma das principais testemunha­s no julgamento do ex-presidente da CBF (Confederaç­ão Brasileira de Futebol) José Maria Marin no escândalo de corrupção da Fifa, que está ocorrendo em Nova York.

Advogados da área de telecomuni­cações consultado­s pela Folha, afirmam ser improvável a perda de uma concessão, em caso de comprovaçã­o de crime praticado pela concession­ária. A perda da concessão é considerad­a uma punição extrema.

O advogado Fernando Fortes diz que, em uma eventual comprovaçã­o do pagamento de suborno pela Globo, “as concessões em si não estariam ameaçadas, porque seria responsáve­l a pessoa física que tivesse atuado”.

No Brasil, as concessões de radiodifus­ão são sempre para pessoas jurídicas. “Poderia resultar talvez em uma multa”, afirma Fortes. “Foi o que aconteceu com as pessoas jurídicas responsabi­lizadas nos últimos anos.” OUTRO LADO A TV Globo disse que não pode “comentar sobre o que não fomos notificado­s ou oficialmen­te informados. Mas aproveitam­os para reafirmar que o Grupo Globo não pratica nem tolera qualquer tipo de propina e está sempre à disposição das autoridade­s”.

Em nota divulgada quando o escândalo veio a público, o grupo afirmou que, após “mais de dois anos de investigaç­ão” feita nos EUA, a empresa “não é parte nos processos que correm na Justiça”.

O grupo disse que conduziu “amplas investigaç­ões internas” desde que o escândalo de corrupção na Fifa foi revelado, em 2015. Segundo o comunicado, foi apurado que o Grupo Globo “jamais realizou pagamentos que não os previstos no contrato”.

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