Folha de S.Paulo

‘Pai em Dose Dupla 2’ não sabe aproveitar carisma dos atores

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DE SÃO PAULO

“Pai em Dose Dupla” foi uma das comédias engraçadas dos últimos anos. Nada inovadora. Apenas um bom texto, atores que despertam simpatia na plateia e nenhuma ambição além de oferecer duas horas de escapismo.

Dois anos depois, sua sequência não é exatamente uma continuaçã­o. A melhor definição de “Pai em Dose Dupla 2” é ser uma “ampliação” do primeiro.

O número de protagonis­tas dobrou. O enredo original tinha Will Ferrell como Brad, o padrasto bonachão que vê seu enteado Dylan perder o interesse por ele com a reaparição do pai do garoto, Dusty, papel de bad boy charmoso vivido por Mark Wahlberg. Claro que, depois do encantamen­to do menino pelo pai motoqueiro, ele vai entender que o padrasto também é bacana, mas de um outro jeito.

No novo filme, o clima de disputa retrocede uma geração. Nas festas de fim de ano, os avós de Dylan vão dar as caras e cada um é a versão mais radical do filho. E o grande trunfo da produção é a escalação dos vovôs.

John Lithgow é Don, ainda mais gente boa e caretão do que Brad. Mas quem rouba a cena é Mel Gibson, canastrão no papel do vovô Kurt. A escolha é imbatível. Ajuda o fato de Gibson ser realmente uma versão mais velha de Wahlberg. Ambos são nomes de filmes de ação com apelo junto ao público feminino e aproveitam todas as brechas para brincar com o próprio tipo.

Kurt é ainda mais sexista do que o filho, e uma ou outra piada remete involuntar­iamente à atual temporada de revelação de casos de assédio sexual em Hollywood. Num filme “sério”, o comportame­nto de Kurt poderia causar rejeição. Mas aqui sua pretensa agressivid­ade com as mulheres soa divertida, inofensiva e caquética.

“Pai em Dose Dupla 2” se ressente de um roteiro melhorzinh­o. Se é possível perdoar obviedades no primeiro filme, a utilização de ideias repetidas neste novo longa passa uma dose grande de preguiça.

Ferrell e Lithgow têm o tempo ideal de comédia. Gibson e Wahlberg exibem charme rude para ganhar o público, sem tanto refinament­o dramático. Se o diretor Sean Anders conseguir viabilizar uma pretendida terceira aventura, precisa dar um material mais engraçado para seu bom grupo de atores. (TM) (DADDY’S HOME 2) DIREÇÃO Sean Anders ELENCO Will Ferrell, Mel Gibson, Mark Whalberg e John Lithgow PRODUÇÃO EUA, 2017, 10 anos QUANDO estreia na quinta (23) AVALIAÇÃO bom

 ??  ?? Val Kilmer interpreta Rafto, detetive problemáti­co que teve contato no passado com o serial killer investigad­o no longa
Val Kilmer interpreta Rafto, detetive problemáti­co que teve contato no passado com o serial killer investigad­o no longa

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