Folha de S.Paulo

Criador do Inhotim oferece obras por dívida

Bernardo de Mello Paz propõe pagar R$ 150 mi ao governo de MG com criações artísticas

- CAROLINA LINHARES

Bernardo de Mello Paz, empresário que criou o Instituto Inhotim, ofereceu obras de arte em exposição no museu para saldar uma dívida com o governo de Minas Gerais.

Divulgada pelo “Valor Econômico” e confirmada pela Folha, a proposta totaliza US$ 170 milhões em criações de artistas, como as esculturas “Linda do Rosário”, de Adriana Varejão, e “Gigante Dobrada”, de Amílcar de Castro. Todo o acervo do Inhotim é avaliado em US$ 1,5 bilhão.

O governo mineiro vai estimar o valor das obras por meio de consultori­as especializ­adas, mas, em avaliação inicial, a proposta foi chamada de “insuperáve­l” pelo advogadoge­ral de MG, Onofre Batista.

Segundo Batista, a ideia é manter as obras no museu.

A dívida de Paz com o governo, vinda de atividades na mineração, tem mais de 25 anos e soma R$ 500 milhões. Com a adesão ao Plano de Regulariza­ção de Créditos Tributário­s, o montante cai para cerca de R$ 150 milhões.

Em reais, a oferta de Paz soma R$ 550 milhões —mais que o triplo devido. A lei estadual aceita o pagamento com obras de arte e prevê que, caso o valor do bem supere o da dívida, o devedor não tem direito à diferença.

A oferta não ajuda nas contas de Minas, mas serve ao propósito de preservar Inhotim, importante fonte de receita por receber até mais visitantes que as cidades históricas. Batista avalia que há riscos ao museu, com a incerteza após a condenação de Paz, em setembro.

Paz foi condenado a nove anos e três meses de prisão por lavagem de dinheiro em movimentaç­ões financeira­s de empresas das quais foi sócio. A defesa nega as acusações e recorreu da sentença.

Segundo o Instituto Inhotim, “a negociação visa dar perenidade ao relevante acervo artístico, uma vez que um dos termos negociados é a permanênci­a das obras no museu, a título de comodato”.

Atualmente, as obras são de Paz e são cedidas em comodato ao museu, ao qual o empresário doou, em fevereiro, edificaçõe­s e terrenos da área de visitação. O Inhotim também é financiado pelo governo mineiro e pela Lei Rouanet.

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