Folha de S.Paulo

Parada em Colônia alimenta a fome de história e mata a sede

Lar da cerveja kölsch, quarta maior cidade da Alemanha é cheia de relíquias, construçõe­s góticas e museus

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Local serve como ponto de partida para passeio de trem com duração de meia hora até ‘rival’ Dusseldorf

Saindo de Bad Godesberg de bicicleta já é possível avistar Colônia de longe, a uma distância de cerca de 45 quilômetro­s. Isso por causa do Dom, a imponente catedral gótica que é ícone da cidade.

Entregar a bike causa emoções conflitant­es. O primeiro sentimento é quase de tristeza ao deixar a sua companheir­a de duas rodas depois de tanto tempo. O segundo é de missão cumprida, alívio mesmo, ao pensar que seus glúteos poderão se recuperar depois de tanto esforço.

Colônia também representa a chegada a uma cidade de grande porte —é a quarta maior da Alemanha, atrás apenas de Berlim, Hamburgo e Munique— após dias em cidades menores.

Para os cervejeiro­s, é o lar das refrescant­es kölsch, servidas tradiciona­lmente em copos finos e alongados de 200 ml —que custam em torno de € 1,10 (R$ 4,22). Sim, existem copos maiores, mas a graça é tomar nos menores, dando menos tempo para a bebida esquentar.

Uma das boas opções de kölsch é a Früh, servida no bar/restaurant­e da cervejaria no centro da cidade, atrás do Dom. Num dia quente de verão, porém, não há escolha errada em se tratando de kölsch. Dá para desafiar os melhores sommeliers em busca de qualquer diferença entre Peters, Mühlen, Sion ou Früh. Talvez a Gaffel se diferencie por ser mais lupulada, ou seja, tem um amargor mais acentuado do que as demais.

Símbolo da cidade, o Dom é visita obrigatóri­a. Em estilo gótico, tem torres com 157 metros de altura. Subir seus 533 degraus é um bom desafio (principalm­ente depois de dias de pedal), mas a vista do alto compensa. Outra vista que vale a pena é o pôr do sol na ponte Hohenzolle­rn, que fica a poucos metros da catedral e da estação de trem.

Colônia também é ótima opção cultural, com vários museus, como o RömischGer­manisches, com relíquias do império romano, ou o Ludwig, de arte moderna.

Os turistas, no entanto, preferem uma opção mais frugal, o Schokolade­n Museum, museu do chocolate, localizado numa construção semelhante a um barco, no meio do Reno.

Patrocinad­o atualmente pela marca Lindt, conta a história de 3.000 anos da guloseima. Salgado mesmo é o valor da visita, € 11,50 (R$ 44). Mas se você estiver mais interessad­o no doce do que na história, dá para entrar direto na lojinha e pular o museu.

A cidade de Colônia, porém, não precisa significar o fim do tour cervejeiro no vale do Reno. Depois de tanta kölsch, está na hora de experiment­ar um outro estilo tradiciona­lmente alemão, a altbier, ou simplesmen­te alt. A cerveja é típica de Dusseldorf, cidade que fica a cerca de 45 quilômetro­s de Colônia e pode ser visitada facilmente de trem (chega de bicicleta), em uma viagem que dura cerca de meia hora. VIZINHAS E RIVAIS Mais rica, Dusseldorf tem uma simpática rivalidade com Colônia, quase como um Rio-São Paulo. No caso, Dusseldorf e seu poder econômico representa­m São Paulo, enquanto Colônia é considerad­a uma cidade mais “divertida”, digamos.

Esse antagonism­o se espalha também pelas cervejas. Se em Colônia eles têm a kölsch, Dusseldorf tem a altbier (aliás, não tente pedir uma kölsch em Dusseldorf, os moradores locais podem não gostar da piada).

A alt (que significa “antiga”) é uma cerveja com a cor puxada para o âmbar, com malte equilibrad­o, lúpulo persistent­e (mais amargor, mas também mais aroma) e mais encorpada que a kölsch.

A mais antiga da região é a Schumacher, de 1838. Porém, a mais popular é a Uerige. Mas o visitante pode escolher qualquer uma delas de olho fechado, não tem erro. Saúde —ou, em alemão, “prost”. (SANDRO MACEDO)

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Fotos Sandro Macedo/Folhapress
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Prédio neogótico da Eau de Cologne, fábrica de perfume que originou o termo água de colônia; acima, museu Ludwig, em Colônia; abaixo, canal da rua Königsalle­e, um dos endereços fashionist­as de Dusseldorf

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