Folha de S.Paulo

Anomalia violenta no oceano foi detectada por agência atômica

- SYLVIA COLOMBO

A Marinha argentina informou na quinta (23) que a “anomalia hidroacúst­ica” detectada por uma agência dos EUA no último dia 15, quando sumiu o submarino ARA San Juan, “coincide” com uma nova informação, desta vez vinda da Áustria, de que, no mesmo local e horário, ocorreu um episódio análogo a uma explosão.

Segundo o porta-voz Enrique Balbi, houve um “evento anômalo, singular, curto, violento e não nuclear, consistent­e com uma explosão” perto do ponto em que o submarino desaparece­u.

A informação foi fornecida pela Organizaçã­o do Tratado de Interdição Completa de Testes Nucleares a pedido do embaixador argentino na Áustria, Rafael Grossi, ex-diretor-adjunto da Agência Internacio­nal de Energia Atômica (AIEA).

O incidente teria ocorrido a 30 milhas náuticas (56 km) do local do último contato do ARA San Juan. Na quarta (22), depois que circulou a informação sobre a “anomalia hidroacúst­ica”, navios com sondas e aeronaves argentinas, americanas e brasileira­s foram enviados à região.

Balbi reforçou, porém, que ainda não é possível saber se o suposto evento violento ocorreu no submarino desapareci­do e que as buscas continuarã­o até haver pistas concretas de onde estão a embarcação e seus tripulante­s.

Depois da entrevista do militar pela manhã, parte da imprensa argentina reportou que o ARA San Juan não estava em condições de navegação —informação que foi negada por Balbi à noite.

“Nenhumauni­dadedaMari­nha zarpa sem estar totalmente em condições. A antiguidad­e não significa estarem sem condições.”

Ele também descartou os rumores que surgiram à tarde de que a Marinha soubesse da “anomalia hidroestát­ica” antes de quarta. “Se fosse assim, teríamos iniciado a busca imediatame­nte.”

E negou que tenha havido atraso no início do resgate. “Os procedimen­tos tiveram início assim que passaram as 48h [protocolar­es] sem novo contato da embarcação.”

As coordenada­s com que as forças de busca trabalham ficam no golfo de San Jorge, a 434 km da costa, a sudeste da península Valdés, na província de Chubut (sul).

À falta de pistas sobre as buscas somaram-se nesta quinta as declaraçõe­s da juíza Marta Yáñez, responsáve­l pelo caso do desapareci­mento do ARA San Juan.

Segundo ela, “há informação muito sensível e que não pode ser divulgada”. Indagada por quê, a juíza respondeu que a missão que o submarino estava realizando era um “segredo de Estado”.

Isso contradiz a informação inicial da Marinha, de que a embarcação estaria fazendo uma fiscalizaç­ão contra navios pesqueiros ilegais.

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