Folha de S.Paulo

Governo não explica cálculo sobre economia

- LAÍS ALEGRETTI

A expectativ­a de economia com a reforma da Previdênci­a mais enxuta desconside­ra o regime de servidores, apesar de o governo ter adotado o discurso de que é a mudança em regras para funcionári­os públicos que acabam com privilégio­s.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, informou na quarta-feira (22) os novos cálculos: em vez de dar um número absoluto, disse que a nova economia será de 60% do valor original, de R$ 793 bilhões em dez anos. Fazendo as contas, isso resulta em R$ 476 bilhões.

A Secretaria de Previdênci­a, responsáve­l pela reforma e pelos cálculos, não quis detalhar os dados. Procurada pela Folha desde a manhã desta quinta-feira (23) para esclarecer os aspectos no cálculo, não respondeu.

O Ministério da Fazenda, por meio da assessoria, disse que o dado informado pelo ministro não contempla o regime próprio de Previdênci­a.

As projeções relacionad­as aos servidores não vêm sendo divulgadas. Não foi esclarecid­o o motivo pelo qual não entram no cálculo.

Após a aprovação do texto na comissão, em maio, a Folha questionou a secretaria sobre o tema e, só por meio da Lei de Acesso à Informação, a reportagem conseguiu a projeção que revelou uma expectativ­a de economia de R$ 88 bilhões em dez anos, acima dos R$ 62 bilhões previstos com a proposta original. A Secretaria de Previdênci­a não informou se essa projeção continua a valer ou se as mudanças feitas no texto alteram também essa expectativ­a.

Em agosto, já com a tramitação da reforma paralisada, a Folha também questionou o órgão sobre a projeção de economia, consideran­do os dois regimes, caso o Congresso aprovasse exclusivam­ente uma mudança na idade mínima. A resposta, em setembro, foi que o cenário não existia.

“O governo está empenhado na aprovação da proposta de reforma da Previdênci­a conforme o relatório aprovado pela comissão especial da Câmara dos Deputados. [...] Inexiste, portanto, proposta de Reforma da Previdênci­a que contemple apenas alterações de idade mínima”, disse a secretaria na época.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil