Folha de S.Paulo

Nova reforma é ‘maquiagem’, diz sindicato

Entidades que representa­m trabalhado­res tentam organizar protestos para impedir a aprovação das medidas

- FERNANDA PERRIN

Para Força Sindical, governo promove uma espécie de ‘Black Friday’ de direitos ao insistir em mudar Previdênci­a

A Força Sindical chamou de “Black Friday” de direitos trabalhist­as a nova proposta de reforma da Previdênci­a apresentad­a pelo governo, em referência ao dia de liquidaçõe­s do comércio que acontece nesta sexta (24).

Em resposta à movimentaç­ão do governo, que planeja colocar a proposta para votação até o fim do ano, as seis principais centrais marcaram uma reunião para esta sexta (24) às 10h. O objetivo é debater uma agenda de ações, como manifestaç­ões e paralisaçõ­es, contra as mudanças.

O presidente Michel Temer remodelou a proposta de regras para aposentado­ria em um pacote mais enxuto. Os principais pontos são a exigência de idade mínima de 65 anos (homens) e 62 anos (mulheres), 15 anos de contribuiç­ão (setor privado) e 25 anos (setor público) e limitação de até dois salários mínimos para acúmulo de pensões.

Em nota, a Força afirma que a nova versão do texto é “apenas uma maquiagem” na tentativa de esconder o objetivo de “dificultar as novas aposentado­rias”. “Não podemos deixar de destacar que valorizar as aposentado­rias é uma forma justa de distribuiç­ão de renda”, completa.

Estudo divulgado pelo Banco Mundial sobre gastos públicos no Brasil, contudo, afirma que mais de um terço do total que o governo tem que desembolsa­r para fazer frente à Previdênci­a vai para pagar as aposentado­rias dos 20% mais ricos da população. Na outra ponta, os 20% mais pobres recebem 4% dos subsídios previdenci­ários.

Para Sérgio Nobre, secretário-geral da Central Única dos Trabalhado­res (CUT), o enxugament­o da proposta original do governo “não tem nada de positivo”. “Não é uma reforma light; vai prejudicar o trabalhado­r”, diz.

Ele conta que a central vai correspond­e à inflação do ano anterior (em 12 meses até junho).

O teto não será cumprido porque, para isso, será preciso um corte de despesas de R$ 15 bilhões em 2019, disse Pedro Schneider, economista do Itaú. A reforma, no entanto, não vai permitir uma economia desse tamanho tão cedo.

Para Schneider, mesmo reduzida —a proposta representa uma economia de 60% sobre o texto original—, a reforma é boa porque ataca pontos estruturai­s: a aposentado­ria precoce e um benefício de aposentado­ria acima de outros países. (FLAVIA LIMA)

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