Nova reforma é ‘maquiagem’, diz sindicato
Entidades que representam trabalhadores tentam organizar protestos para impedir a aprovação das medidas
Para Força Sindical, governo promove uma espécie de ‘Black Friday’ de direitos ao insistir em mudar Previdência
A Força Sindical chamou de “Black Friday” de direitos trabalhistas a nova proposta de reforma da Previdência apresentada pelo governo, em referência ao dia de liquidações do comércio que acontece nesta sexta (24).
Em resposta à movimentação do governo, que planeja colocar a proposta para votação até o fim do ano, as seis principais centrais marcaram uma reunião para esta sexta (24) às 10h. O objetivo é debater uma agenda de ações, como manifestações e paralisações, contra as mudanças.
O presidente Michel Temer remodelou a proposta de regras para aposentadoria em um pacote mais enxuto. Os principais pontos são a exigência de idade mínima de 65 anos (homens) e 62 anos (mulheres), 15 anos de contribuição (setor privado) e 25 anos (setor público) e limitação de até dois salários mínimos para acúmulo de pensões.
Em nota, a Força afirma que a nova versão do texto é “apenas uma maquiagem” na tentativa de esconder o objetivo de “dificultar as novas aposentadorias”. “Não podemos deixar de destacar que valorizar as aposentadorias é uma forma justa de distribuição de renda”, completa.
Estudo divulgado pelo Banco Mundial sobre gastos públicos no Brasil, contudo, afirma que mais de um terço do total que o governo tem que desembolsar para fazer frente à Previdência vai para pagar as aposentadorias dos 20% mais ricos da população. Na outra ponta, os 20% mais pobres recebem 4% dos subsídios previdenciários.
Para Sérgio Nobre, secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o enxugamento da proposta original do governo “não tem nada de positivo”. “Não é uma reforma light; vai prejudicar o trabalhador”, diz.
Ele conta que a central vai corresponde à inflação do ano anterior (em 12 meses até junho).
O teto não será cumprido porque, para isso, será preciso um corte de despesas de R$ 15 bilhões em 2019, disse Pedro Schneider, economista do Itaú. A reforma, no entanto, não vai permitir uma economia desse tamanho tão cedo.
Para Schneider, mesmo reduzida —a proposta representa uma economia de 60% sobre o texto original—, a reforma é boa porque ataca pontos estruturais: a aposentadoria precoce e um benefício de aposentadoria acima de outros países. (FLAVIA LIMA)