Folha de S.Paulo

Submarino é 3ª tragédia em Mar del Plata

Com frota obsoleta, Argentina registrou, até San Juan sumir, dois naufrágios e 12 mortes no ano, 10 delas na cidade

- CAROLINA VILA-NOVA

Estudos sobre acidentes com embarcaçõe­s comerciais cita 41 naufrágios e 86 mortes no país desde 2000

fizeram no navio, não aguentou um temporal”, conta Irene Guerrero, mulher do oficial José Arias, o único de Puerto Madryn na embarcação e nunca encontrado. “Não podemos encerrar nossa dor porque o deixaram no mar.”

Ela pressiona as autoridade­s para que resgatem do mar a embarcação para que então se veja as condições em que estava e os responsáve­is sejam punidos. “Eles saíram para trabalhar e não voltaram mais por causa da corrupção, naquela lata velha. Mandaram eles para o matadouro”, diz, chorando.

O grupo “Nenhum Naufrágio Mais”, criado pelos familiares das vítimas do Repunte, pressiona por mudanças no setor, como mais segurança aos marinheiro­s e melhor inspeção nos barcos.

Gabriela Sánchez, irmã do capitão do Repunte, também nunca encontrado, conta que o grupo passou a receber denúncias sobre condições dos barcos em várias cidades. “As pessoas temem represália­s e a falta de emprego, então recorrem a nós”, diz.

“Na Argentina está naturaliza­do na cabeça das pessoas que um barco afunde”, afirmou Sánchez. “Mas isso tem de mudar”, pondera.

“Há quatro ou cinco empresário­s que controlam tudo [no setor]. E há uma relação íntima desses empresário­s com políticos, sindicatos e fiscalizaç­ão. No final quem morre? O trabalhado­r, que é só um custo de produção.”

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