Sigla pode ter disputa por posto de vice e dissidências
Ainda que traga alívio imediato, o acordo para que Geraldo Alckmin, assuma a presidência do partido não extinguirá a tensão criada entre alas antagônicas.
No grupo do senador Tasso Jereissati (CE), crítico à aliança com Michel Temer, fala-se em um caldo que pode entornar em forma de dissidência se Alckmin for leniente com a ala considerada fisiológica.
Ameaças de debandada podem ser retomadas, apontam tucanos ligados a Tasso. A questão será menos sair ou ficar e mais se o PSDB de 2018 ainda terá ou não a cara de Aécio Neves, dizem.
O senador mineiro, afastado da presidência do PSDB desde maio, quando foi tragado pelo escândalo da JBS, fez campanha para o adversário de Tasso na disputa por sua sucessão, o governador de Goiás, Marconi Perillo.
Tasso e Perillo desistiram da eleição interna em favor de Alckmin e agora cobram espaço na nova Executiva.
A expectativa é que o vicepresidente, e Perillo pleiteia o cargo, assuma o PSDB quando Alckmin se desincompatibilizar para disputar o Planalto, em meados de 2018.
Haverá resistência. Questionado pela Folha na segunda-feira (28) sobre o espaço a Aécio e Perillo, Tasso disse esperar que “alguns setores não tenham participação nenhuma, ou muito pouca”.
O senador cearense agregou cerca de 20 deputados, cinco senadores e governadores como Beto Richa (PR) e Simão Jatene (PA).
Seu aliado, o líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (SP), defende que o senador Antonio Anastasia (MG), próximo a Aécio, mas elogiado nos diferentes grupos, assuma uma vice-presidência. Ri- cha é apontado para a secretaria-geral. Tasso ficaria com o Instituto Teotônio Vilela.
Consensual é que o tesoureiro, peça-chave na eleição presidencial, será indicação do próprio Alckmin, provavelmente Silvio Torres (SP). ARRUMAR A CASA De acordo com aliados, Alckmin precisa “arrumar a casa” antes de março, quando será aberta a janela de troca partidária, o que pode resultar na perda de quadros.
Um dos primeiros desafios dele será costurar uma saída amistosa do governo. O tucano deve se reunir com Temer no sábado (2), em São Paulo.
O desembarque é dado como certo, mas caberá a Alckmin sair de forma “educada” para não romper pontes com o PMDB, com quem seu partido poderá se coligar na corrida eleitoral do ano que vem.
Para o deputado Silvio Torres (PSDB-SP), um dos principais aliados do governador, o movimento que deverá ser feito agora configura uma espécie de “pré-campanha” ao Palácio do Planalto.
Alckmin deverá arbitrar disputas regionais. Há divergências em Estados como Maranhão, Pernambuco e Rio, além do Distrito Federal. No caso de Minas, Estado com grande colégio eleitoral, ainda não há um nome tucano para concorrer ao governo, o que deve dificultar a construção de um palanque para o candidato à presidência.
“Em março tem uma janela, se a gente não tiver tudo organizado, parlamentares vão procurar partidos que os favorecem. Eles já estão sendo assediados”, diz Torres.
Um outro desafio para o tucano será definir a distribuição dos recursos do fundo partidário e do “fundão” aprovado na reforma política. Tucanos ligados a Alckmin apostam que o TSE deve fazer uma resolução com critérios detalhados. PSDB EM NÚMEROS