Folha de S.Paulo

Nossa estimativa é que precisaría­mos dobrar essa equipe para alcançar minimament­e as metas necessária­s.

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Folha - Após três anos de Lava Jato, como o sr. vê o fato de tantos políticos sob suspeita estarem no poder?

Anselmo Lopes - Não deixa de haver certa naturalida­de em que pessoas sob investigaç­ão, denunciada­s ou condenadas mantenham seus cargos em razão do princípio de que se deve presumir a inocência. O que não pode acontecer é a sociedade esperar que os órgãos de controle e de persecução criminal ou o Judiciário sejam os responsáve­is exclusivam­ente por uma mudança salvacioni­sta do país, que pudesse resolver todos problemas. A expectativ­a da população é de que o MPF ou a PF salvem o Brasil?

Não me parece que se deva trabalhar pensando nesse sentido de salvação e que as pessoas deveriam esperar isso do MPF ou da PF. Me parece correto que cada um consiga executar sua atribuição. Quando se vê uma nova operação na Caixa após uma ação penal que mira um grande esquema no banco, a sensação é de de que as coisas não Após alguns anos de Lava Jato, não se vê condenação no Supremo. Isso não abala a confiança do povo?

Não é só o STF, todos os órgãos que participam do esforço de responsabi­lização de ilicitudes devem passar por uma evolução. De fato, o STF tem seus desafios, me parece que existem, sim, algumas falhas nessa tentativa de responsabi­lização de alguns políticos. O MPF não se baseia mais em delações do que em provas obtidas por meios próprios?

Acredito que não, até porque o colaborado­r não é um órgão da polícia ou do MPF. Não cabe a ele substituir nosso trabalho e produzir a prova necessária para se ter uma boa causa perante a Justiça. Como foi para o sr. descobrir uma suspeita muito forte sobre um colega, o Ângelo Goulart [procurador preso, acusado de corrupção e de vazar dados para a JBS]? O senhor foi ao novo diretorger­al da PF, Fernando Segovia, pedir mais delegados para suas investigaç­ões. Falta braço? São quantos hoje?

Em dedicação exclusiva, são três procurador­es, dois assessores e um técnico. O que eu vejo é que a investigaç­ão que se mostrou mais importante socialment­e é a Greenfield, porque há vítimas em concreto, que estão em um estágio da vida, a velhice, em que fica mais difícil a recuperaçã­o econômica. Estão sofrendo e pagando no contracheq­ue por esses crimes cometidos. A PF não destinou uma estrutura mínima para a delegada do caso, para que pudesse se dedicar completame­nte na Greenfield.

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