Folha de S.Paulo

Condomínio solar começa a dar primeiros passos no país

- FÁBIO FABRINI FILIPE OLIVEIRA

O Ministério Público de Contas pediu ao TCU (Tribunal de Contas da União) que proíba o uso de recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para capitaliza­r a Caixa Econômica Federal e, com isso, ajudar o banco a cumprir novas exigências internacio­nais de solidez financeira.

Em representa­ção apresentad­a à corte, o procurador Júlio Marcelo Oliveira sustenta que a operação, desenhada pelo governo, fere a lei que rege o FGTS e configura um “desvio de finalidade”.

Ele diz ainda que há “conflito de interesse e abuso de poder” por parte do banco, que seria o beneficiár­io da capitaliza­ção, mas, paralelame­nte, atua como operador e agente financeiro do fundo.

“Além de ilícita, contrataçã­o dessa natureza apresenta relevante risco moral, do ponto de vista econômico”, afirmou em documento que será analisado pela área técnica do TCU e, em seguida, enviado para julgamento dos ministros da corte.

A operação com o FGTS vem sendo amplamente defendida pelo governo, que, sem dinheiro para injetar na Caixa, busca uma saída alternativ­a. A partir do próximo ano, o banco só poderá fazer empréstimo­s se tiver mais recursos próprios para garantir as operações.

As regras estão previstas no acordo de Basileia 3 (regras internacio­nais de saúde financeira).

Conforme mostrou a Folha, o próprio presidente Michel Temer, parte dos ministros e o presidente da Caixa, Gilberto Occhi, têm pressionad­o ministros do tribunal a dar aval à estratégia oficial.

A aposta do banco é o refinancia­mento de R$ 10 bilhões dos R$ 260 bilhões em dívidas que tem com o FGTS.

Com essa repactuaçã­o, o fundo recebe juros mais altos. Mas o débito passa a ser perpétuo (sem possibilid­ade de resgate do principal). Além disso, a remuneraçã­o do título só ocorre se a instituiçã­o tiver lucro ou reservas para isso. Em determinad­as situações, os pagamentos ao credor podem ser suspensos ou até extintos. Para o procurador, as condições impõem graves riscos ao FGTS.

Oliveira argumenta também que o banco é o agente operador do FGTS, ou seja, “quem dispõe sobre normas e procedimen­tos” para o saque de recursos das contas vinculadas a contrato de trabalho.

“O uso de recursos do FGTS em benefício da Caixa, com risco de prejuízo para o FGTS, configura abuso de seus poderes de agente operador.”

Um mercado para geração de energia solar em pequenas usinas compartilh­adas por consumidor­es e empresas começa a nascer no Brasil.

Ele atende quem não tem espaço ou telhado para instalar placas de energia solar em sua casa ou escritório.

Segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) o país conta com 41 usinas do tipo em operação, com capacidade de até 5 megawatts.

O modelo passou a ser viável após norma da agência reguladora do setor definir, no ano passado, regras para a geração distribuíd­a em local diferente daquele onde ela será usada.

Consumidor­es dividem um mesmo sistema de geração de energia que pode ter até 5 megawatts de potência instalada. A energia gerada é enviada para a rede elétrica e dá direito créditos equivalent­es para o consumidor abater de sua conta de luz.

Os créditos só podem ser usados em regiões atendidas pela mesma distribuid­ora de energia do local onde está instalada a usina.

O presidente da Absolar, (associação do setor de ener- gia solar), Rodrigo Sauaia, afirma que, além de tornar a energia solar viável para mais pessoas, o modelo permite ter acesso a ela com menos investimen­tos.

Isso porque, enquanto uma instalação de placas solares em residência custa a partir de R$ 15 mil, a associação a um condomínio solar tende a custar menos, pois a empresa que instala o projeto compra equipament­os em escala maior, reduzindo, portanto, os custos.

No primeiro projeto da start-up NewSun, que está desenvolve­ndo usina na cidade de Franca (interior de São Paulo), consumidor­es poderão comprar cotas da usina e receber mensalment­e créditos para abater de sua conta de luz.

Cada cota sairá por R$ 7.900 e dá direito a, em média, 170 kilowatts-hora mensais, explica Fernando Berteli, presidente da empresa.

Segundo ele, o prazo de retorno do dinheiro investido nas cotas da usina vai de quatro a seis anos.

A usina da empresa, feita com apoio da Investe SP (agência do governo do Estado que busca atrair investimen­tos), ocupará área de 120 mil metros quadrados e terá capacidade instalada de 5 megawatts, suficiente­s para atender cerca de 4.000 casas.

As obras para construção da usina devem ser concluídas em março. DESCONTOS A rede de farmácias Pague Menos passou a contratar energia de condomínio­s solares em 2016, em projeto com a Enel Soluções (braço da Enel que atua na área de geração distribuíd­a) na cidade de Tabuleiro do Norte (CE).

A unidade tem capacidade para atender 40 lojas da rede no Estado.

Atualmente, fornece energia para 22 unidades, que conseguira­m reduzir a conta de luz em cerca de 30%, diz Eduardo Dias, gerente-executivo da rede, responsáve­l pelo setor financeiro.

Dias afirma que a empresa tem como objetivo diminuir em 20% sua conta de luz, atualmente em cerca de R$ 70 milhões ao ano, obtendo energia de usinas do tipo em todos os Estados até 2019.

No modelo de contrataçã­o adotado por Enel Soluções e Pague Menos, os investimen­tos (de cerca de R$ 7 milhões) ficaram a cargo da primeira.

Nesse tipo de contrato, a energia é contratada por prazo longo (de ao menos 15 anos) por preço inferior ao cobrado pela distribuid­ora de energia do Estado, o que oferece economia para a contratant­e.

 ?? Divulgação ?? Condomínio solar para geração de energia da Enel na cidade de Tabuleiro do Norte (CE)
Divulgação Condomínio solar para geração de energia da Enel na cidade de Tabuleiro do Norte (CE)

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil