Folha de S.Paulo

Das diferenças políticas. Afirmou à não acreditar ter havido má-fé do vereador.

- CATIA SEABRA

DE SÃO PAULO

O vereador Camilo Cristófaro (PSB) entregou R$ 3.000 a um assessor político da secretaria de Transporte­s da gestão João Doria (PSDB), que foi afastado do cargo e motivou a abertura de uma investigaç­ão pela Controlado­ria Geral do Município.

O dinheiro foi levado na noite de quinta (23), dentro de uma sacola da Gucci, pelo até então assessor político Elizeu Lopes ao gabinete do titular da pasta, Sérgio Avelleda.

Lopes havia acabado de receber a quantia do vereador —que integra a base aliada de Doria, mas tem feito ataques ao secretário de Transporte­s.

Avelleda, “ao tomar contato com a embalagem, acionou imediatame­nte a polícia” e determinou ainda que ninguém deixasse a sala, de acordo com sua assessoria.

“O delegado presente, ao ouvir os envolvidos, entendeu não ser necessária a elaboração de um boletim de ocorrência, por não existir a evidência de um crime”, disse a secretaria em nota.

A pasta afirmou ainda que Avelleda avisou a Controlado­ria e “determinou ao assessor a devolução imediata” do dinheiro ao vereador. Cristófaro, porém, disse não ter aceitado os R$ 3.000 de volta.

Lopes, que foi afastado da função, alega ter havido um “mal-entendido”. Ele diz ser filiado ao PC do B e amigo de Cristófaro há 18 anos, apesar Folha TELEFONE Segundo a versão da secretaria e do vereador, Avelleda telefonou de seu gabinete, em viva-voz, para pedir explicaçõe­s a Cristófaro —que alegou ter feito uma doação a Lopes.

À Folha o vereador afirmou que, há cerca de 40 dias, Lopes o procurou pedindo R$ 5.000 para pagamento de advogado em processo contra sua ex-mulher para obtenção da guarda dos filhos.

Naquele período, o vereador tinha começado a atacar publicamen­te o secretário de Doria, apelidando-o de Sérgio Haddad Avelleda, em uma alusão ao ex-prefeito Fernando Haddad (PT).

Cristófaro diz que, recentemen­te, o prefeito o procurou propondo uma trégua com o secretário. Segundo o vereador, Doria apelou para que ele suspendess­e as críticas.

Na quinta-feira, segundo o vereador, Lopes esteve em seu gabinete, ao lado de outro funcionári­o da prefeitura, para agradecer. Cristófaro diz ter, então, levado o assessor do secretário a um caixa eletrônico do banco Santander, de onde sacou R$ 3.000.

O dinheiro, relata o vereador, foi guardado na embalagem que abrigava um chaveiro recebido de presente de aniversári­o recém-completado.

Cristófaro disse ter frisado que aquela era uma doação para os filhos de Lopes.

“Repeti isso. Tenho culpa se ele é burro?”, afirmou o vereador à reportagem.

“Eu estava tão feliz com a trégua dada [em críticas de Cristófaro à secretaria de Transporte­s] que nem percebi que o presente era para mim”, disse Lopes à Folha.

Segundo Cristófaro, de tão nervoso, Lopes se internou no hospital da noite de quinta, de onde saiu na sexta (24). ‘FARIA DE NOVO’ Nesta segunda-feira (27). Lopes esteve no gabinete na Câmara para a devolução do dinheiro, mas o vereador não aceitou. “Fiz e faria de novo. Foi uma doação a um amigo”,

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil