Folha de S.Paulo

Talento adormecido

- TOSTÃO COLUNAS DA SEMANA segunda: Juca Kfouri e PVC, quarta: Tostão, quinta: Juca Kfouri, sábado: Mariliz Pereira Jorge, domingo: Juca Kfouri, PVC e Tostão

PARABÉNS AO América Mineiro, campeão brasileiro da Série B, e ao Zé Roberto, pela longa, brilhante e digna carreira.

Nesta quarta (29), é decisão da Libertador­es. No primeiro jogo, o Grêmio, antes de fazer o gol nos últimos minutos, não tinha criado uma única grande chance de marcar.

Isso ocorreu porque o Lanús não arriscou e marcou muito bem, com duas linhas de quatro, recuadas e próximas. Luan não conseguia receber a bola livre, entre o meio-campo e os zagueiros. O Grêmio trocava passes, mas não infiltrava na defesa para finalizar.

Por outro lado, o time argentino teve apenas umas duas chances de gol no primeiro tempo, já que o Grêmio também marcou muito bem, pressionan­do quem estava com a bola, desde o goleiro.

O Grêmio, com a vantagem de um gol, deveria marcar mais atrás para, depois, tentar recuperar a bola e trocar passes até o outro gol, como fez o Lanús na primeira partida? Ou seria melhor alternar essa marcação com a pressão em todo o campo, como fez no primeiro jogo?

Se o Grêmio ficar muito recuado, vai permitir a troca de passes e a pressão do Lanús. Além disso, ficará muito longe do outro gol quando recuperar a bola, ainda mais que não tem mais o ótimo contra-ataque da época de Pedro Rocha.

O Lanús lembra-me o Audax melhorado, dirigido por Fernando Diniz. Não dá um chutão. O goleiro tenta passar a bola em todos os lances. Isso é correto, porém perigoso, pois nenhum time sul-americano, inclusive os brasileiro­s, possui zagueiros e goleiros com muito talento para isso.

Outra partida decisiva será na quinta (30), entre Flamengo e Junior de Barranquil­la. Quem vencer fará a final. O Flamengo corre mais riscos que o Grêmio, porque está em um mau momento, intranquil­o, e a derrota por 1 a 0 classifica o time colombiano. Rueda não sabe o que é pior, escalar Muralha ou César, que, nos últimos dois anos, só atuou por 20 minutos em um jogo amistoso.

Na primeira partida, o destaque foi o baixinho, veloz e habilidoso atacante pela direita, o colombiano Chará. O vi, recentemen­te, em uma partida da Colômbia e fiquei intrigado sobre como um jogador de pouco nível técnico atua pela seleção. As diferenças técnicas entre times e seleções de vários países, como Colômbia e Brasil, são enormes. Isso serve de reflexão para os que adoram pedir a convocação de jogadores que vão muito bem nos clubes brasileiro­s. Evidenteme­nte, há exceções.

Escrevi, mais de uma vez, que Vinícius Júnior, de 17 anos, deveria atuar mais desde o início em várias partidas seguidas, pois, baseado nas maravilhas que fez nas categorias de base, teria grandes chances de, em pouco tempo, ser o maior destaque do time principal. Porém, apesar de ele entrar quase sempre no fim das partidas, não o vi executar sequer um excepciona­l lance. Ele está muito confuso, afobado e erra muitas jogadas fáceis.

Sei que é cedo para fazer uma avaliação definitiva de uma jovem promessa, mas perdi o entusiasmo de que ele se torne um novo fenômeno. Certamente, será um ótimo jogador. Quando vi as primeiras partidas de vários craques nos times principais, como Neymar, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e outros, mesmo quando eles não foram destaques da partida, já mostravam magistral talento, de arrepiar. Quem sabe o enorme talento adormecido de Vinícius Júnior ainda exploda, em inúmeras facetas.

O Grêmio, com a vantagem de um gol, tem boas chances de vencer a Libertador­es pela terceira vez

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil