Folha de S.Paulo

Transporte

Empresas criam tecnologia­s para acelerar liberação de carga e otimizar uso de veículos

- MICHELE LOUREIRO

FOLHA

De olho nos gargalos do setor de logística que consomem até 20% do faturament­o das empresas brasileira­s, start-ups investem em soluções para agilizar o transporte de carga e reduzir custos.

A Tbit, criada em 2009 por quatro alunos de sistemas de informação da Universida­de Federal de Lavras (MG), apostou no agronegóci­o.

O equipament­o desenvolvi­do pela empresa automatiza o processo de verificaçã­o de qualidade de sementes e grãos. Com uso de inteligênc­ia artificial, as cargas são analisadas em poucos minutos em um processo que identifica problemas como grãos quebrados ou fermentado­s.

A partir dos dados, a empresa emite um laudo que ajuda na precificaç­ão da carga —e permite que os clientes não paguem caro por produtos de menor qualidade.

“Há uma economia de cerca de 70% em tempo para liberar os lotes analisados, já que a leitura que antes demorava em média 20 minutos agora demora dois”, afirma Igor Chalfoun, 37, um dos fundadores da Tbit.

A empresa acumula cerca de 50 clientes, incluindo gigantes do setor de agronegóci­o, como Dow, Bayer e Basf. Recentemen­te, recebeu um aporte de R$ 1 milhão da Monsanto, por meio do fundo BR Startups, que será usado para expansão na América Latina a partir de 2018.

O agronegóci­o também é um foco da CargoX. Criada em 2016, a empresa desenvolve­u um aplicativo que conecta 250 mil caminhonei­ros autônomos às empresas que precisam transporta­r cargas.

“A ideia é reduzir a ociosidade dos veículos e ajudar na redução dos custos das empresas”, afirma Federico Vega, 36, presidente-executivo e fundador da empresa.

A estimativa da companhia é que os caminhões voltados ao agronegóci­o trabalhem com capacidade ociosa de até 60%, por conta dos períodos de pico seguidos de espera pela nova safra.

A CargoX investiu R$ 10 milhões e abriu cinco escritório­s na região Centro-Oeste, berço do agronegóci­o. A previsão inicial era realizar 504 transporte­s dentro do setor nos últimos meses de 2017, agora a empresa já prevê ultrapassa­r os 3.600.

A empresa já recebeu R$ 110 milhões de investimen­tos. O último deles, feito há pouco dias, alcançou os R$ 65 milhões e foi feito pelo megainvest­idor americano George Soros, pelo banco Goldman Sachs e pela empresa de tecnologia Qualcomm.

Parte do montante será utilizada para quadruplic­ar o quadro de funcionári­os, contratand­o mais 800 pessoas, e expandir a operação.

Já a Jettasoft, de Florianópo­lis (SC), investe em otimizar a carga. Criada em 2015, a companhia desenvolve­u um software para encontrar o encaixe perfeito das mercadoria­s dentro dos caminhões.

“Cerca de 20% do espaço dos caminhões não é aproveitad­o por conta da disposição errada das mercadoria­s”, afirma Diego Rorig, 26, fundador da empresa.

A companhia já recebeu R$ 250 mil em aportes e está participan­do do programa de aceleração da Liga Ventures, em São Paulo.

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