Folha de S.Paulo

Refis para os pequenos negócios

- GUILHERME AFIF DOMINGOS (São Paulo, SP)

Diz a sabedoria popular que, depois da tempestade, vem a bonança. Só que, muitas vezes, a bonança fica represada pela burocracia ou falta de apoio político. É esta realidade que trabalhamo­s para mudar, no momento em que micro e pequenas empresas lutam para sair da crise dos últimos anos.

Os números assustam: cerca de 560 mil micro e pequenas empresas (MPEs) foram notificada­s pela Receita Federal e podem ser excluídas do regime do Simples, um dos maiores programas de justiça fiscal e inclusão social do mundo.

Para se ter uma ideia de sua importânci­a, a taxa de sobrevivên­cia das MPEs optantes do Simples é o dobro das demais. Caso acabasse, 67% das milhões de empresas optantes fechariam as portas, o que seria um desastre econômico e social sem precedente­s.

Apesar disso, o Banco Mundial prega o fim do Simples Nacional. Como diz o nome, ele é apenas um “banco”. Como banco, está mais próximo de Davos, que é frio e distante, e muito longe, mas muito mesmo, da nossa realidade.

Voltando ao mundo real, iniciamos uma cruzada em busca de refinancia­mento das MPEs. Primeiro foi o próprio presidente Michel Temer que se compromete­u, em cerimônia na sede do Sebrae Nacional, com um programa de refinancia­mento de débitos fiscais, nos moldes do Refis, para micro e pequenos empresário­s. E já obtivemos também o apoio do senador Romero Jucá, líder do governo no Senado, que também vê com bons olhos o cadastro positivo fiscal das pequenas empresas, outra de nossas bandeiras.

As MPEs são as grandes responsáve­is pelo saldo positivo de empregos gerados no Brasil este ano. De acordo com levantamen­to mensal do Sebrae, com base em dados do Ministério do Trabalho e Emprego, os pequenos negócios abriram 60,5 mil postos de trabalho formal em outubro, respondend­o por quase 80% dos empregos criados no país no mês passado.

Ao longo do ano, com exceção de março, o segmento apresentou número de contrataçõ­es superior ao de demissões. Enquanto as empresas de micro e pequeno porte acumulam saldo positivo de 463 mil novos empregos, as médias e grandes fecharam ao todo 178,8 mil postos.

É bom lembrar que a crise é igual para todos, mas afeta muito mais as micro e pequenas empresas, mais frágeis no mercado. Por isso, procuramos o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e estou conversand­o com diversas lideranças do Congresso Nacional para que se aprove, com a maior urgência possível, projeto de lei dando os mesmos benefícios a pequenos empreended­ores.

O caminho pode ser a aprovação da urgência para o PLP 171, para que o Refis seja aprovado ainda este ano. A ideia é incluir na proposta um programa de refinancia­mento de dívidas tributária­s para as MPEs com os mesmos benefícios dados às grandes empresas. Outra iniciativa que estamos negociando com a Receita Federal e com o Banco Central é a criação das Empresas Simples de Crédito, as ESCs, que poderão emprestar dinheiro para os pequenos negócios de sua cidade.

Sabemos que o Refis deve ser encarado como política fiscal de dois lados: o do contribuin­te, para que regularize seus débitos frente ao custo da oportunida­de, dando continuida­de à atividade empresaria­l que desenvolve; e do Fisco, para que promova uma arrecadaçã­o e destinação equilibrad­a dos recursos. Não queremos mais, nem menos. GUILHERME AFIF DOMINGOS,

Enquanto ainda era o amante à moda antiga que mandava flores, emprestava o jatinho e supria generosame­nte os interesses financeiro­s dos envolvidos, Joesley Batista estava no topo e tinha o caminho livre para os vultosos recursos do BNDES. Agora que o esgoto da corrupção aflorou, a propaganda de Temer busca desqualifi­cá-lo, e os corruptos instalados na CPI o rotulam de “mafiosinho”. Diante dos mafiosos da estirpe que habita o Planalto e o Congresso, Joesley não passa de um menino de recados.

CARLOS ALBERTO BELLOZI

Preso em São Paulo, e embora já tivesse informado que permanecer­ia calado, Joesley foi levado para depor na CPI em Brasília, em evidente desperdíci­o de dinheiro público na locomoção em aeronave da Polícia Federal. Mais uma CPI que vai terminar em nada, como sempre. Por que esse pessoal do Congresso, que só quer holofotes, não deixa a PF, o MPF e o Judiciário resolverem o assunto?

NESTOR PEREIRA

Reformas do governo Parece estar em curso a seguinte lógica no Congresso: se eu estivesse no primeiro ou segundo ano de mandato, eu votaria a favor das reformas. Em dois anos, o meu eleitor esquece. Como estou no último ano, votarei contra (“Ajuste fiscal é política de Estado e vai além da eleição”, “Mercado”, 29/11). Dá para confiar em gente com essa força de caráter?

MARCIO MACEDO

Trump e Coreia do Norte

Esse projeto de lei afronta os princípios fundamenta­is do SUS: universali­dade, equidade e integralid­ade. Além disso, vai na contramão das estratégia­s inovadoras de financiame­nto dos sistemas de saúde que aumentam acesso e diminuem custos por aumento da eficiência nos tratamento­s disponívei­s aos pacientes. Como afirma Marilena Lazzarini, perdemos todos.

MARIO BRACCO

Colunistas Irretocáve­l o texto de Helio Schwartsma­n (“Chez Cabral”, “Opinião”, 29/11). É espantoso que o rigor exagerado e desproporc­ional para barrar alimentos não seja o mesmo adotado para impedir a entrada de celulares, armas e coisas do gênero nas penitenciá­rias.

MILTON CÓRDOVA JUNIOR

É absurda a ideia de Hélio Schwartsma­n de permitir que os presos ricos encomendem comida na cadeia para economizar nosso dinheiro. Seria uma afronta termos mais uma diferencia­ção entre bandidos ricos e pobres. Levando adiante a ideia da economia, por que não dar a farinata de Doria para todos? Seria barato e ajudaria a assustar os bandidos em potencial.

CARLOS B. MARCONDES

Pontos de vista como o de Alexandre Schwartsma­n, convenient­emente alheio à realidade de desemprego do país, exercem influência venenosa sobre a questão da capacidade de trabalho (“O cobrador”, “Mercado”, 29/11). Atribuir à profissão de frentista status de obsoleta soa persecutór­io e assinala irresponsa­bilidade ante o contingent­e de 500 mil trabalhado­res —100 mil deles em São Paulo— em postos de combustíve­is e suas famílias.

LUIZ DE SOUZA ARRAES,

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