Problemas da solução
AS DESISTÊNCIAS de Luciano Huck e João Doria esfriaram o tema das candidaturas, mas ativaram os ânimos de três dos remanescentes. Henrique Meirelles imagina-se candidato dois em um, substituindo o televisivo e o aparente prefeito como candidato dos cifrões. Atira-se às redes para se dar a conhecer. Jair Bolsonaro acha que pode abandonar o estilo “paz e amor” que trouxe de marqueteiro dos Estados Unidos, e volta ao estágio de homem das casernas.
Mais interessante é a antissolução que Geraldo Alckmin e a cúpula do PSDB criaram a título de solução para seu desarranjo intestino. E portanto para a disputa eleitoral por ora facilitada. Mandaram Aécio Neves chegar pra lá, porém com cuidado para não se aproximar de algum tira federal, nem de juiz que não seja Gilmar Mendes. Tasso Jereissati e Marconi Perillo deixaram de disputar a presidência do partido. E, já escolhidomaisumavezempequenamesade restaurante,nodia9GeraldoAlckmin se mostrará surpreso e se comoverá com sua aclamação para a presidência do PSDB. E, lógico, para ser o candidato do partido para a Presidência.
Se o arranjo, atribuído a Fernando Henrique, é para aplacar a briga entre as duas alas peessedebistas, a contrária e a agarrada em Michel Temer e em cargos, o remédio é enganoso. As formas da divergência não se confundem com suas causas, que estão na desfiguração decadente do PSDB. Há anos igualando-se aos que acusava na vida partidária em geral, o partido satisfaz uma corrente e revolta a outra. E esse conflito interno está intocado.
Se o arranjo é para ajudar o empacado Alckmin e assegurar um paulista como candidato do PSDB, o efeito imediato foi acentuar a divisão. A escolha antecipada e apenas íntima, como feita para as derrotas de 2002, 2006 e 2010 (a segunda, do mesmo Alckmin), provocou o início de uma articulação para a resistência de convencionais no dia 9. E a presidência do partido não é, por si só, fortalecimento eleitoral.
Se o arranjo, por fim, tem a meta de restaurar o PSDB, Alckmin mais parece um obstáculo. Mesmo sem considerar as habilitações para a tarefa, cuidar a um só tempo das múltiplas atividades de candidato à Presidência, com elaboração de programa, composições políticas e ações de campanha; reelaborar a estrutura, a estratégia, a linha ideológica e a ação política do partido; e ainda governar um Estado imenso em todos os sentidos —eis o impraticável posto nas mãos de Alckmin. E por ele aceito quase como contraindicação das suas ambições presidenciais.
OPSDBnão estámenosproblemático com sua solução. Ao contrário. DIREITO É DIREITO A ida do novo diretor da Polícia Federal ao presidente da Câmara para defender a continuidade, na “reforma” da Previdência, do regime desfrutado por sua corporação tem faces contraditórias. A iniciativa se opõe ao governo de que Fernando Segovia faz parte e ao próprio ministro a que está subordinado,odaJustiça.Masseopor a retirada de direitos, proposta pelo governo quanto aos policiais federais —e não só a eles— é correto e necessário na PF. O Brasil está com problemas em várias entidades internacionais por eliminação de direitos que, além do mais, é proibida em acordos universais de que o país é parte.
Se o arranjo, por fim, tem a meta de restaurar o PSDB, Geraldo Alckmin mais parece um obstáculo