Folha de S.Paulo

Relator recebe denúncia contra Pimentel

Ministro do STJ rejeitou afastar governador de MG do cargo; colega pede mais tempo e julgamento é interrompi­do

- REYNALDO TUROLLO JR. CAROLINA LINHARES

Petista é acusado de ter favorecido a Odebrecht em duas obras quando ele era ministro do Desenvolvi­mento

O ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Herman Benjamin votou nesta quarta-feira (29) pelo recebiment­o de uma denúncia da Procurador­ia-Geral da República contra o governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), acusado de corrupção passiva. Relator do caso, Benjamin rejeitou afastar Pimentel do cargo.

“Não estou afastando do cargo o denunciado já que entendo descabido. Em primeiro lugar, os fatos foram praticados antes do início do mandato atual do governador. E, em segundo lugar, não há nenhum ato do denunciado Fernando Pimentel que vise obstruir ou criar entrave à investigaç­ão criminal e, portanto, não vejo necessidad­e do afastament­o do cargo”, afirmou.

Em seguida, o ministro Jorge Mussi acompanhou o voto do relator, mas o ministro Og Fernandes pediu vista (mais tempo para analisar o caso) e o julgamento foi interrompi­do.

Além do governador de Minas, são acusados o empreiteir­o Marcelo Odebrecht, o empresário do ramo gráfico Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, apontado como operador de Pimentel, e outras três pessoas.

Segundo a denúncia da PGR, a Odebrecht foi favorecida em dois processos no Comitê de Financiame­nto e Garantia das Exportaçõe­s (Cofig) quando Pimentel era ministro de Desenvolvi­mento, Indústria e Comércio Exterior, durante o governo Dilma Rousseff.

Um dos processos no comitê era para o Projeto de Soterramen­to da Linha Ferroviári­a de Sarmiento, em Buenos Aires, por meio do qual a Odebrecht queria obter o Seguro de Crédito à Exportação para um financiame­nto concedido pelo BNDES no valor de cerca de US$ 1,5 bilhão.

O outro era relacionad­o a garantias para a Odebrecht atuar nas obras do corredor interurban­o de transporte público da cidade de Maputo, em Moçambique, projeto de US$ 180 milhões.

A denúncia, uma das três contra Pimentel no âmbito da Operação Acrônimo, foi oferecida ao STJ em novembro do ano passado.

De acordo com o vice-procurador-geral da República, Luciano Mariz Maia, que represento­u a PGR no julgamento, Pimentel orientou seu então chefe de gabinete, Eduardo Serrano, a buscar “janelas de oportunida­des” entre empresas com demandas pendentes —caso da Odebrecht, que havia obtido os financiame­ntos para atuar no exterior e precisava das garantias.

A PGR, segundo Maia, ob- votos que ainda serão dados” e que, mesmo se a denúncia for recebida, será “apenas o início do processo”.

“Apenas dois ministros votaram pelo recebiment­o [da denúncia] e ambos rejeitaram o afastament­o do governador. Faltam 13”, disse Pacelli.

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