Folha de S.Paulo

Corte no orçamento põe em risco usinas de Angra

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Por causa de um gargalo orçamentár­io, pode faltar elemento combustíve­l de urânio para as usinas nucleares de Angra a partir de 2019, segundo a diretoria da Eletronucl­ear e técnicos do Ministério da Ciência e Tecnologia.

Quem fornece o urânio usado nos reatores é a estatal INB (Indústrias Nucleares do Brasil). Parte da receita dela vem da venda desse material, e o resto da União.

Para atingir a meta fiscal, o governo cortou o orçamento da INB, e o limite de dispêndio caiu —por isso, mesmo com dinheiro da venda de urânio em caixa, ela fica impedida de gastar.

A situação é semelhante à que forçou a Polícia Federal a parar de emitir passaporte­s, em junho deste ano.

O fornecimen­to do elemento combustíve­l às usinas está garantido para o ano que vem, mas a produção para 2019 está em risco, segundo Leonam Guimarães, presidente da Eletronucl­ear.

“A saída seria que, à medida que a INB recebesse [pela venda de urânio], o governo suplementa­sse o orçamento.

Isso precisaria ser feito com a anuência do Congresso, porque aumentar o orçamento por decreto equivale a dar uma pedalada fiscal.

Importar é inconstitu­cional e, ainda que fosse permitido, não dá mais tempo.

A coluna apurou que o Mi- nistério de Ciência e Tecnologia também tem receio de passar o limite do dispêndio que a INB é autorizada a ter.

“O governo tem sinalizado com complement­ação e temos trabalhado para minimizar a dependênci­a dele”, afirma Reinaldo Gonzaga, presidente da INB.

O Operador Nacional do Sistema estima que, se as usinas ficarem paradas em 2019, haverá um custo adicional de R$ 1,4 bilhão.

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