Folha de S.Paulo

TRI campeão

Com ajuda de sua torcida, Grêmio supera trauma contra argentinos na final da Libertador­es e conquista seu terceiro título no torneio continenta­l

- LUIZ COSENZO

ENVIADO ESPECIAL A LANÚS

Os 5.000 gremistas que viajaram até Lanús, na Grande Bueno Aires, foram recompensa­dos. Com uma atuação muito boa na etapa inicial e uma dose de sofrimento no segundo tempo, o Grêmio venceu o Lanús por 2 a 1, no estádio La Fortaleza, na segunda partida da decisão da Libertador­es, e conquistou o tão sonhado tricampeon­ato.

O time tinha a vantagem de poder conquistar o título até com empate após vencer o jogo de ida, em Porto Alegre, por 1 a 0, há uma semana.

Com o troféu, o clube gaúcho se iguala a Santos e São Paulo como os maiores vencedores do Brasil da principal competição sul-americana, com três títulos cada um.

Campeão também em 1983 e 1995, o Grêmio havia perdido as duas decisões que fez contra argentinos. Em 1984 e 2007, o time foi derrotado por Independie­nte e Boca Juniors, respectiva­mente.

A conquista deste ano foi a primeira de um time brasileiro em solo argentino desde 1963, quando o Santos de Pelé passou pelo Boca.

Desde então, as equipes brasileira­s foram vice-campeãs quando decidiram o tro- féu em estádios do país. São Paulo (1974), Cruzeiro (1976), além do próprio Grêmio (1984), tiveram a chance, mas não conseguira­m.

O título também coloca o fim a um jejum de quatro anos do país na competição. O último brasileiro campeão foi o Atlético-MG, que derrotou o Olímpia (PAR) em 2013.

Apesar do clima tenso que cercou a partida em razão dos acontecime­ntos em Porto Alegre, quando um ônibus e um carro da torcida rival foram apedrejado­s, os 5.000 gremistas que viram de perto o título do time brasileiro não enfrentara­m problemas para chegar ao estádio.

A segurança feita pela polícia argentina funcionou. Os 75 ônibus com brasileiro­s foram escoltados de Puerto Madero, local da concentraç­ão, até o estádio do Lanús.

Na arena, os gremistas não pararam de cantar, assim como os torcedores do Lanús.

O estádio, com capacidade para 42 mil pessoas, estava completame­nte lotado. Muitos assistiram ao jogo de pé ou até pendurados na grade.

Os gremistas foram presentead­os com uma atuação praticamen­te perfeita de sua equipe na etapa inicial.

Como o técnico Renato Gaúcho prometeu na véspera, o time não se “acovardou”.

O treinador —que havia participad­o da primeira conquista do clube na competição como jogador e se tornou o primeiro brasileiro a ganhar o título tanto como atleta quanto como técnico— adiantou a marcação e impediu que o adversário saísse jogando no campo de defesa. Dessa forma, o Grêmio fez um de seus melhores jogos no ano.

Sem dar oportunida­des para o adversário, o Grêmio abriu o placar com Fernandinh­o. Aos 26 min, o atacante ganhou dividida no meio de campo e arrancou para chutar forte na saída do goleiro. Foi o primeiro gol do jogador na competição deste ano.

Antes do fim da etapa inicial, Luan fez linda jogada individual e marcou o segundo. Após a partida, ele foi eleito o melhor jogador do torneio.

No segundo tempo, o Grêmio voltou sem Arthur, lesionado. O camisa 29 foi eleito o melhor jogador da final.

Com Michel, o time ficou mais recuado. O Lanús partiu para cima e criou boas chances. Aos 26 min, Pep Sand diminuiu em uma cobrança de pênalti.

Apoiado pela torcida, o time argentino encurralou o Grêmio, principalm­ente após a expulsão de Ramiro, aos 36 min, mas não conseguiu furar a defesa do time tricolor.

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