Brasil disputa em Sundance com filme sobre linchamento virtual
‘Ferrugem’, de Aly Muritiba, aborda consequências de bullying
médio e fundamental, Muritiba diz que notou como a questão do bullying virtual Embora tenha protagonis“se tornou mais aguda” entre tas adolescentes, “Ferruadolescentes com o passar gem”, do diretor baiano Aly dos anos. Para ele, tem a ver Muritiba, passa bem longe da com novas gerações de pais, cartilha alentadora que marque “não preparam seus fica filmes do gênero. Seleciolhos para a frustração”. nado para competir no pres“Minha geração é infantilitigioso Festival Sundance, o zada. Fomos educados a não longa gira em torno das condizer não aos nossos filhos”, sequências dramáticas de um afirma o diretor de 38 anos, linchamento virtual. pai de uma adolescente de 14.
“É um tema que tem tudo a “É um filme que tem a ver com ver com o festival”, diz o direos medos dos pais de jovens.” tor à Folha. Agendado para Ele diz que o título do lonocorrer entre 18 e 28 de janeiga é referência à “corrosão e ro do ano que vem, em três ciao esfacelamento da vida dades de Utah, nos EUA, Sunanalógica” dos personagens. dance é a maior vitrine do ciCorrosão é uma constante nema independente mundial. em suas obras. Sua estreia em
O estopim da trama é o valongas de ficção, “Para Minha zamento do vídeo íntimo de Amada Morta” (2015), tamuma garota, Tati (Tifanny Mabém revolvia em torno de uma laquias), e o que sucede a ela derrocada e seu gatilho tame às pessoas de seu entorno, bém era um registro audioviprincipalmente o namorado, sual –no caso, uma fita em Renet (Giovanni de Lorenzi). VHS que levava o viúvo Fer
Ex-professor nos ensinos nando (Fernando Alves Pin- to) a reavaliar a relação que teve com a mulher morta.
Radicado no Paraná, Muritiba é ex-agente penitenciário, e explorou essa experiência numa “trilogia carcerária”: o último da leva foi o documentário “A Gente”.
Lançado em setembro, o filme o fez se reencontrar com os antigos colegas de ofício e resultou num retrato nuançado sobre a questão penitenciária no país, retrato que é fruto de sua formação humanista (o diretor é formado em história) e de seus anos à frente das grades.
A experiência internacional não é coisa nova para Muritiba, que já emplacou seus curtas “Tarântula” e “Pátio” nos festivais de Veneza e Cannes, respectivamente.
Essa será sua segunda vez em Sundance, palco que já recebeu (e muito bem) a estreia de um estouro nacional, “Que Horas Ela Volta?”, de Anna Muylaert, em 2015.