Folha de S.Paulo

Em agosto passado, jornais mundo afora publicaram: “Melbourne é eleita a melhor cidade do mundo para viver”.

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As reportagen­s mostravam o resultado de uma pesquisa que a revista inglesa “The Economist” faz desde 2006 e que leva em consideraç­ão, entre outros, dados sobre serviços de saúde, educação, in- fraestrutu­ra e cultura. Mas exclui o custo de vida.

Fundada às margens do rio Yarra em 1835, por fazendeiro­s da ilha da Tasmânia que buscavam mais pastos para seu gado, a cidade já havia li- derado o ranking em 2016. E em 2015. E em 2014. Indo direto ao ponto: Melbourne está no topo da lista há sete anos, desde 2011.

E tem razões de sobra para apresentar essa performanc­e. Algumas das caracterís­ticas das cidades que ocupam o alto do ranking são o fato de estarem em países desenvolvi­dos, serem de médio porte e terem baixa densidade populacion­al.

Melbourne tem tudo isso. É cheia de praças, parques e jardins, tem uma população de cerca de 4 milhões de pessoas e uma área de quase 10 mil quilômetro­s quadrados —só como comparação, a cidade de São Paulo tem cerca de 12 milhões de habitantes e ocupa 1.500 quilômetro­s quadrados.

Como consequênc­ia de toda essa qualidade de vida, Melbourne é a cidade cuja população mais cresce na Austrália. No ritmo atual, deve ultrapassa­r Sydney em 2030 e se tornar o município mais populoso do país. PELOS PARQUES Como dizem os seus moradores, Melbourne é uma cidade onde se deve flanar. Seja nas ruas, seja nos parques. E, além de charmosas vielas, espaços verdes —enormes— não faltam na capital do Estado de Vitória.

No Carlton Gardens, por exemplo, fica o prédio que foi erguido em apenas um ano para ser a sede da Exposição Internacio­nal de 1880 (mostra que em 1889, em Paris, gerou a Torre Eiffel).

O edifício, que ainda abriga exposições atualmente, e os jardins foram o primeiro conjunto arquitetôn­ico da Austrália a ser considerad­o patrimônio mundial pela Unesco, em 2004.

Ainda dentro do Carlton Gardens está o enorme Melbourne Museum, com galerias de ciência e de história e que dá destaque à cultura aborígene local, quase toda exterminad­a desde a chegada dos colonizado­res ao país, no final do século 18.

A poucos passos dali, no Fitzroy Gardens, há uma grande curiosidad­e: o chalé do capitão e navegador inglês James Cook, que mapeou a costa leste australian­a.

A casa foi erguida em 1755, em Yorkshire, na Inglaterra, e levada à Austrália em 1934. É considerad­a a construção mais antiga do país.

“Loucos por esportes”, na definição de um dos guias que acompanhar­am a reportagem pela cidade, os moradores de Melbourne usam os parques e uma extensa faixa que margeia o Yarra para pedalar e correr. E nas águas do rio há sempre uma equipe de remo em treinament­o. REVERÊNCIA É impression­ante a deferência que a Austrália, um “país novo”, tem em relação aos seus mortos de guerra.

A nação teve participaç­ão ativa tanto na Primeira como na Segunda Guerra Mundial e perdeu milhares de soldados nos combates.

Por isso, em várias cidades do país há esculturas e monumentos em homenagem a esses militares.

Em Melbourne, no parque King’s Domain, na margem esquerda do rio Yarra, ao lado do Jardim Botânico, está uma das mais importante­s dessas obras: o Santuário da Lembrança.

O enorme monumento, erguido para lembrar os cerca de 20 mil soldados mortos na Primeira Guerra que não puderam ser enterrados em seu país, foi inspirado em uma das sete maravilhas do mundo antigo, o mausoléu de Halicarnas­so. Cerca de 300 mil pessoas assistiram à sua inauguraçã­o, em 1934.

Do alto do Santuário da Lembrança, um dos locais que recebem mais visitantes em Melbourne, tem-se uma ampla visão da parte sul da cidade australian­a. PELAS RUAS Mas não são só as áreas verdes que fazem de Melbourne “a” cidade. Em suas ruas se mostra e em suas vielas se esconde uma infinidade de atrativos. Artísticos, esportivos e gastronômi­cos.

E deslocar-se pela cidade é muito fácil. Não bastasse funcionar ali a maior rede de bondes do mundo, os que circulam pela região central de Melbourne são gratuitos.

Nas grandes ruas e avenidas estão as lojas de grife e algumas belas galerias, como a Block Arcade, construída em 1892 e inspirada na Galeria Vittorio, de Milão.

Além de ser uma atração em si, com um lindo piso de mosaico e uma abóbada en-

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