Folha de S.Paulo

Estrada tem campos verdes de um lado e falésias do outro

Great Ocean Road, que começa a 100 km de Melbourne, é cercada por fazendas e paredões de pedra à beira-mar

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Região fica perto de reserva natural preservada dentro de vulcão extinto há mais de 30 mil anos

Se o turista tem um ou dois dias de folga em Melbourne, é imprescind­ível conhecer a Great Ocean Road. Não apenas pelos locais a que ela leva o viajante mas também pela estrada em si.

Belíssima, a via à beiramar tem cerca de 240 quilômetro­s e vai de Torquay (100 km a sudoeste de Melbourne) até Allansford. Mas, se o tempo é curto, é possível fazer só o trecho entre Lorne e a baía Apollo, um dos mais bonitos.

Os fazendeiro­s fundadores de Melbourne, que buscavam mais pasto para seu gado, estariam orgulhosos se vissem como a região está hoje.

A paisagem, à direita ou à esquerda da Great Ocean Road, é paradisíac­a. De um lado, às vezes em trechos em que a estrada quase despenca sobre o oceano, as ondas do mar azul se quebram contra imensas falésias e rochedos. Do outro lado, pastagens verdíssima­s a perder de vista, por onde vagueiam calma- mente ovelhas e vacas.

Em Lorne, a 140 quilômetro­s de Melbourne, vale a pena conhecer o Swing Bridge Cafe, restaurant­e/café/bar que fica entre um riacho e o mar, ao lado de uma pequena ponte (a “swing bridge”).

Mantido por um argentino, que dá um toque latino a seus pratos, o local é em uma pequena casa de madeira com uma grande varanda que fica voltada para o riacho. Em dia de sol, a visita é ainda mais interessan­te.

Mas a atração mais famosa da estrada é a formação rochosa Os Doze Apóstolos, localizada perto de Port Campbell. São rochedos que, pela ação das ondas, acabaram se desligando da ilha-continente e formaram o que poderia ser chamado de “conjunto artístico geológico”.

Na verdade, atualmente são só sete os apóstolos, porque o mar já derrubou cinco. Em alguns anos, provavelme­nte outros se formarão.

Um conselho para quem tiver tempo —e grana— é fazer um voo de helicópter­o para ver essas formações. VIDA SELVAGEM A cerca de uma hora de Port Campbell está a reserva de vida selvagem de Tower Hill. Dentro de um vulcão ex- tinto há mais de 30 mil anos, é o local perfeito para ter contato com a fauna e aprender sobre os aborígenes.

Paul, descendent­e de aborígenes, além de apresentar toda a reserva, conta sobre a história de seus antepassad­os —as mais de 150 nações que existiam antes da chegada do homem branco, por exemplo— e apresenta aos visitantes, entre outras coisas, o didjeridu, instrument­o de sopro que aproveita grossos galhos de árvores cujo miolo foi comido por cupins.

Em sua língua natal, Paul recebeu de seus parentes o nome de Kulaboonda, que significa “montanha”.

Se a reserva de Tower Hill mostra a vida “in natura”, antes da colonizaçã­o, o Sovereign Hill, a cerca de 180 quilômetro­s dali, mostra como aconteceu a ocupação na região, durante a desenfread­a corrida em busca do ouro, em meados do século 19.

O local é uma réplica de uma cidade da época e lembra muito o Velho Oeste norte-americano. Além de saloons, barbeiro, armazéns e lojas de roupas para madames, é possível conhecer por dentro uma verdadeira mina de ouro, de onde já se retirou muito do tão almejado metal. (LUIZ ANTONIO DEL TEDESCO)

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